Título: IRAQUE BUSCA COOPERAÇÃO DE VIZINHOS CONTRA REBELDES
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Fonte: O Globo, 19/07/2005, O Mundo, p. 26

Bagdá acusa Síria de não deter tráfego de insurgentes e promete ajuda à Turquia contra separatistas curdos

ANCARA e BAGDÁ. Acuado por ataques suicidas que deixam centenas de mortos todos os meses e impedem a normalização do país desde a invasão anglo-americana em 2003, o governo do Iraque está buscando apoio dos vizinhos para tentar conter a insurgência. Hoje em Ancara, capital turca, o ministro do Interior iraquiano, Bayan Yabr, reúne-se com representantes de Síria, Irã, Jordânia, Kuwait, Arábia Saudita e da própria Turquia, numa tentativa de estabelecer uma estratégia coordenada de cooperação antiterror. Só no último sábado, 83 pessoas morreram num único atentado em Musayyeb.

Ontem, num preâmbulo do que será a reunião, Yabr acusou a Síria de nada fazer para frear as atividades da insurgência em seu território. Damasco é acusada de dar guarida a líderes e permitir a passagem de rebeldes através de sua fronteira com o Iraque. Segundo o ministro, Bagdá tem fotos e endereços de líderes insurgentes na Síria.

- Eles dizem: "Estamos dispostos a cooperar". Espero que cooperem, mas só falar não é suficiente - criticou Yabr. - Preparamos um plano para fazer frente ao terrorismo e controlar as fronteiras.

Ele também cobrou medidas da Jordânia. Segundo o ministro, jordanianos e iraquianos expatriados enviam dinheiro à insurgência - a mulher de Saddam, Sajida, e sua filha Raghad teriam enviado US$100 milhões - a partir de Amã.

Ataques ontem mataram 14 pessoas em todo o país

Por sua vez, o ministro adiantou que Bagdá está disposta a ajudar a Turquia na repressão aos milicianos do Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK), que teria bases no norte do Iraque. O PKK luta para estabelecer um Estado curdo independente no sudeste da Turquia. O premier Recep Tayip Erdogan disse na semana passada que seu país planeja incursões no Iraque, mas Yabr advertiu que tais operações dependem da autorização do Parlamento iraquiano.

Em ataques ontem, 14 pessoas morreram em diversas partes do Iraque, entre elas sete policiais e três soldados. O aiatolá Ali al-Sistani, principal clérigo xiita iraquiano, lançou um alerta sobre a matança no país afirmando que "uma guerra genocida" está em curso. Ele tem persuadido seus seguidores a não responderem aos ataques, realizados supostamente por sunitas.