Título: COLONOS AMEAÇAM INVADIR GAZA
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Fonte: O Globo, 19/07/2005, O Mundo / Ciencia e Vida, p. 28

Acordo evita confronto entre 30 mil manifestantes e forças de Israel

KFAR MAIMON, Israel. Depois de horas de tensão, dezenas de milhares de manifestantes que discordam do plano de retirada da Faixa de Gaza do governo de Israel chegaram a um acordo ontem à noite com as forças de segurança e puderam chegar à cidade de Kfar Maimon, perto da fronteira com Gaza, para passar a noite. Cerca de 20 mil policiais e soldados foram destacados para impedir que 30 mil colonos judeus e israelenses ultraconservadores entrassem na cidade, de onde planejavam invadir o grupo de assentamentos de Gush Katif, na Faixa de Gaza.

O acordo pode ter evitado uma explosão de violência, já que os líderes do protesto afirmavam que a intenção era promover um ato gigante de desobediência civil com uma invasão em massa de Gush Katif. O governo, por sua vez, avisara que não permitiria. O problema, no entanto, pode simplesmente ter sido adiado, já que os manifestantes disseram que tentarão entrar em Gaza em breve.

A marcha começou com uma manifestação na cidade de Netivot, onde era esperada a presença de cerca de cem mil pessoas. Porém, um esquema de repressão ao protesto em todo o país conseguiu impedir que milhares de pessoas chegassem ao local. Centenas de ônibus com pessoas que iam para Netivot foram interceptados pela polícia, que confiscou a carteira de habilitação dos motoristas. Segundo a polícia, o ato era ilegal, já que o protesto não recebera permissão do governo para ocorrer.

Abbas diz que ainda é possível manter trégua

A apreensão de ônibus e o destacamento de uma imensa força de segurança (145 mil soldados, guardas de fronteira e policiais foram postos em alerta para impedir a entrada dos manifestantes em Gaza) irritou os líderes do protesto, que acusaram o premier Ariel Sharon de usar meios ditatoriais para evitar a manifestação.

"Este é o tipo de comportamento tirânico do clã de Sharon. Uma linha vermelha é cruzada quando o primeiro-ministro não permite a realização de um protesto público. Isso é contra todas as regras democráticas", criticou, em nota, o Conselho Yesha, associação de colonos judeus que lidera os protestos.

Ontem, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, disse que ainda é possível manter a trégua dos grupos radicais palestinos, que nos últimos dias fizeram ataques terroristas em Israel e lançaram foguetes contra assentamentos nos territórios ocupados.

Legenda da foto: COLONOS ISRAELENSES enfrentam soldados na cidade de Netivot