Título: CPI convoca a mulher do publicitário
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Fonte: O Globo, 22/07/2005, O País, p. 9

Proposta de acordo para poupar Renilda já foi recusada

BRASÍLIA. A CPI dos Correios descartou ontem por unanimidade a proposta de acordo apresentada pelo publicitário Marcos Valério para evitar a convocação de sua mulher Renilda Fernandes de Souza e da gerente Simone Vasconcelos, que sacou mais de R$6 milhões do Banco Rural. A comissão marcou para a próxima terça-feira o depoimento de Renilda e para o dia 2 de agosto o de Simone. No mesmo dia, deporá o policial civil de Minas Gerais David Rodrigues Alves, que teria sacado R$4 milhões das contas das agências SMP&B no Banco Rural de Brasília.

Preocupado em proteger sua mulher, o publicitário já teria avisado a interlocutores que estaria disposto a se antecipar, divulgando pessoalmente a lista dos parlamentares beneficiados pelo esquema montado por ele e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

- Não poderíamos aceitar um acordo desse, mesmo porque não teríamos qualquer garantia de que o Marcos Valério diria tudo que sabe. Esse tipo de acordo só pode ser feito com o Ministério Público. O que a sociedade iria pensar? Isso poderia ser interpretado como algo espúrio - justificou o senador Jefferson Peres (PDT-AM).

CPI requisita lista com mais 129 sacadores em BH

A CPI também aprovou ontem requerimento do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) solicitando do Supremo Tribunal Federal (STF) cópia do processo encaminhado pelo juiz Jorge Macedo Costa, da 4ª Vara da Justiça Federal de Minas Gerais. Anexado ao processo, estariam todos os documentos apreendidos na agência do Banco Rural de Belo Horizonte que mostram o destino do dinheiro sacado por pelo menos 129 pessoas, entre as quais estariam vários parlamentares.

O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), pretende se encontrar ainda hoje com o presidente do Supremo, Nelson Jobim, para pedir pressa na liberação dos documentos. Pressionado por integrantes da comissão, Delcídio também deverá dizer a Jobim que os hábeas-corpus concedidos aos depoentes até agora têm dificultado o trabalho de investigação.

- Vou ver com o ministro Jobim quando estes documentos poderão ser disponibilizados para a CPI - confirmou Delcídio Amaral.