Título: SUBSECRETÁRIO DE MESQUITA FEZ SAQUE
Autor: Rodrigo Rangel
Fonte: O Globo, 22/07/2005, O País, p. 4

Contador que retirou R$100 mil da DNA trabalha em prefeitura petista

Um contador que fez parte da campanha de Benedita da Silva ao governo do Estado do Rio, em 2002, foi identificado como sendo sacador de R$100 mil da conta da DNA no Banco Rural . Carlos Roberto Chaves é subsecretário de Fazenda da cidade de Mesquita, cujo prefeito, o petista Artur Messias, se disse ontem perplexo diante da identificação. Messias informou que o subsecretário não trabalhou ontem e não avisara que faltaria ao trabalho.

- Estou perplexo. Quero que ele se justifique. Acho que ele foi boy de alguém - disse o prefeito, aludindo à função de office boy, ou contínuo. - Ele deve ter transportado o dinheiro para alguém.

O prefeito disse que Chaves é um técnico competente indicado para trabalhar em Mesquita pelo secretário-geral do PT fluminense, Alberto Cantalice, e que ele trabalhou para o PT nas campanhas de 2002. O secretário confirmou a indicação e também se disse perplexo. Disse ainda que tentou falar com o contador ontem, sem sucesso.

- Ele tem que aparecer e se explicar - disse Cantalice.

Afirmando ignorar como o contador começou a trabalhar para o partido, o secretário disse que Chaves "sempre circulou" pelo PT fluminense:

- Esse rapaz sempre circulou por aqui, no PT.

O prefeito de Mesquita afirma que sua campanha foi modesta e que não tem dívidas a pagar. De acordo com a prestação de contas entregue ao Superior Tribunal Eleitoral, a campanha custou R$236.974, dos quais R$58,2 mil saíram do diretório estadual.

O tesoureiro do diretório fluminense, Erivelto Dias Costa, disse ontem que não há possibilidade de o dinheiro sacado por Chaves ter sido usado para saldar dívida de campanha. Segundo ele, qualquer movimentação financeira tem de ser autorizada pelo tesoureiro ou pelo presidente, o que ele afirma não ter acontecido.

O tesoureiro disse também que o diretório regional tem uma dívida em torno de R$150 mil por razões administrativas. As dívidas de candidatos a prefeito são de responsabilidade dos diretórios municipais, disse ele. Chaves não foi localizado ontem.