Título: TRABALHADOR DESISTE DE VAGA E DESEMPREGO CAI
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 22/07/2005, Economia, p. 25

Taxa baixou para 9,4%, a menor desde março de 2002. Em junho, 192 mil deixaram de buscar uma ocupação

A taxa de desemprego atingiu em junho seu menor nível desde março de 2002: 9,4% da força de trabalho (2,050 milhões de pessoas estavam procurando emprego no mês passado nas seis principais regiões metropolitanas do país), contra 10,2% de maio e 11,7% de junho de 2004, conforme divulgou ontem o IBGE. A queda, no entanto, não refletiu mais postos abertos em junho. O motivo foi a menor procura por vagas: 192 mil trabalhadores deixaram o mercado, indo para a inatividade. Assim, a taxa - que mostra quanto da força de trabalho estava em busca de emprego - caiu.

Crise política, juros ainda altos, a proximidade das férias e uma ligeira reação no rendimento médio real (houve alta de 1,5% em junho frente a maio) são as hipóteses levantadas pelo coordenador da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo, para explicar essa redução na procura.

- Ainda é cedo para saber que fator foi mais preponderante para afastar as pessoas do mercado de trabalho. E se esse tendência vai continuar este mês. Só podemos levantar hipóteses. Percebemos que as mulheres, os jovens e os filhos, os que não são chefes de família, foram os que deixaram de procurar uma vaga em junho - disse Azeredo.

A recuperação do rendimento médio real do trabalhador de 1,5% sobre maio deve-se principalmente ao recuo da inflação e ao aumento do salário-mínimo. Os preços caíram 0,11% em junho. No semestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, o rendimento engordou 1,2%. Mas Azeredo lembra que esse avanço se deu em cima de um dos piores momentos para o salário do trabalhador. A renda média de R$948,75 é maior que a do mesmo período de 2004, mas ainda não conseguiu recuperar o nível do primeiro semestre de 2003, quando estava em R$969,47.

- Se olharmos o rendimento dos empregados com carteira, houve queda de 1,6%.

Marinho comemora taxa de um dígito e prevê nova queda

O professor da PUC José Márcio Camargo considerou o número positivo, mesmo sem ter havido crescimento no número de pessoas trabalhando:

- A ocupação já vinha crescendo sistematicamente. E a taxa de desemprego deve continuar caindo. Primeiro, por efeito sazonal, pois no segundo semestre a economia fica mais aquecida. Além disso, os juros pararam de subir e devem cair nos próximos meses.

Realmente: em maio, na comparação com abril, mais 242 mil pessoas tinham conseguido uma ocupação. Na opinião do economista Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as vagas devem voltar a crescer nos próximos meses:

- Se a ocupação não avançar e a procura por trabalho diminuir novamente, aí sim teremos um cenário preocupante. De qualquer forma, o emprego formal continua reagindo. As vagas com carteiras aumentaram 6,6% contra junho de 2004.

No Rio, onde veio conhecer de perto a atuação dos consórcios criados para qualificar jovens para o primeiro emprego, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, comemorou o resultado da taxa de desemprego em um digito.

- Temos de comemorar porque é um sonho antigo ter a taxa de desemprego em um digito. E estamos certos de que esse número cairá ainda mais até o fim do governo Lula.

COLABOROU Vagner Ricardo

inclui quadro: a evolução do mercado de trabalho / a taxa de desemprego mês a mês