Título: INFLAÇÃO CADA VEZ MAIS PERTO DA META
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 23/07/2005, Economia, p. 22

IPCA-15 este mês foi de 0,11%, a menor taxa desde julho de 2003

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), uma prévia da taxa que orienta o sistema de metas de inflação do governo, ficou em 0,11% este mês, o menor percentual desde julho de 2003 (-0,18%), conforme divulgou ontem o IBGE. Esse resultado serviu para aproximar as expectativas de inflação para a meta fixada pelo Banco Central de 5,1% em 2005. No ano, o índice ficou em 3,62% e, nos últimos 12 meses, em 6,84%:

- Na semana que vem, o boletim "Focus" (que reúne as projeções de analistas do mercado) deve trazer expectativa de inflação ainda mais baixa, talvez inferior a 5,5% - acredita o professor da PUC Luiz Roberto Cunha.

E esse movimento de revisão para baixo da inflação anual já começou. O Departamento Econômico do Bradesco soltou relatório ontem revisando suas projeções para o IPCA de 5,60% para 5,5%.

"O percentual de bens com elevação de preços cedeu de 61,72% em junho para 53,71%. Desde junho de 2000, quando alcançou 53,52%, o índice de difusão não apresentava variação tão baixa", diz o relatório.

Na mesma direção vai a projeção da Plenus Gestão de Recursos. Segundo o sócio Marco Antonio Franklin, os cálculos devem ficar numa previsão abaixo de 5,6% ao ano:

- As expectativas caminham cada vez mais na direção da meta. O IPCA fechado de julho deve ficar em 0,20%.

Com esse cenário tranqüilo para inflação em julho, mês marcado por pressões de reajustes de tarifas públicas no orçamento - da telefonia fixa e da energia elétrica em São Paulo - Franklin acredita que o Banco Central antecipe a queda da taxa básica de juros, a Selic, fixada atualmente em 19,75% ao ano:

- Acredito que os juros caiam já no mês que vem e de uma forma mais rápida.

Cunha, da PUC, ainda acha que o Banco Central vai esperar um pouco mais e baixar juros só a partir de setembro.

Telefone fixo, a pressão mais forte no índice

O aumento de 2,41% na tarifa do telefone fixo foi a principal pressão no IPCA: respondeu por 70% da taxa. Mas o grupo alimentação voltou a registrar recuo médio de 0,86% nos preços, refletindo a valorização do real. Ficaram mais baratos também artigos de higiene pessoal (-0,56%). E os economistas alertam que a média dos núcleos de inflação (que retiram do índice as variações mais fortes) subiram ligeiramente, de 0,37% para 0,40%:

- Com o frio, os preços das roupas subiram. E os serviços também, aproveitando a pequena melhoria de renda - disse Cunha, da PUC.

INCLUI QUADRO: A EVOLUÇÃO DOS PREÇOS / OS PRODUTOS EM QUEDA