Título: OPOSIÇÃO ACEITA EXPLICAÇÃO DE DELCÍDIO
Autor:
Fonte: O Globo, 23/07/2005, O País, p. 11

Ex-assessor sacou, mas quando já não trabalhava para ele

BRASÍLIA. O presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), teve em 2002, como coordenador de marketing de campanha eleitoral, o antropólogo Roberto Costa Pinho, que sacou R$350 mil da conta da SMP&B, de Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do suposto mensalão. A descoberta levou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), a cobrar explicações de Delcídio.

- Denúncia séria tem de ser respondida trás-anteontem. A CPI não pode ser presidida debaixo de dúvidas - disse Virgílio.

Apesar das críticas, o tucano afirmou que só tomaria medidas formais para tentar afastar Delcídio depois que ele se explicasse. O senador petista negou que Pinho tenha sido o coordenador de sua campanha, já que trabalhou apenas 45 dias na equipe de marketing em 2002. Ele lembrou que os saques nas contas de Marcos Valério aconteceram bem depois, em 2003.

- Eu me surpreendi. Sempre tive no Roberto a imagem de um bom profissional. Ele parece um padre, usa uns óculos redondos, tem jeito de um homem de bem. Não sei por que ele fez isso. Quero ouvir as explicações dele - afirmou Delcídio.

Ele contou que Pinho prestou serviço para a campanha como coordenador de marketing, e após 45 dias ambos teriam se desentendido sobre os rumos da campanha.

Delcídio foi fiador de Pinho em contrato de locação

O senador admitiu que, nesse período, foi fiador de Pinho no aluguel de uma casa em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Ele explicou que Pinho precisava se instalar na cidade com a família e, por isso, alugou um imóvel:

- São duas coisas diferentes. Uma coisa é o que aconteceu em 2002, outra coisa é o que aconteceu em 2003 e 2004. Estou seguro sobre tudo o que aconteceu durante o tempo em que ele trabalhou comigo.

À tarde, depois da entrevista de Delcídio, o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), afirmou que as explicações foram satisfatórias:

- O PFL continua confiando na presidência do Delcídio e nas condições de trabalho da CPI comandadas por ele.

Delcídio também lembrou que Pinho foi assessor do ministro da Cultura, Gilberto Gil, que o demitiu.