Título: Esquerda do PT se une no `campo dos aflitos¿
Autor: Tatiana Farah
Fonte: O Globo, 24/07/2005, O País, p. 11

Deputados que admitem abandonar a legenda esperam o resultado das eleições internas para a presidência

SÃO PAULO. A bancada de esquerda do PT na Câmara criou o ¿campo dos aflitos¿ e está conversando com outros partidos para fazer uma frente parlamentar pela ética. Alguns parlamentares estudam abandonar o partido e aguardam o resultado das eleições internas, em setembro, para tomar a decisão. Internamente, as correntes de esquerda, que na última eleição para a presidência petista, em 2001, somaram menos de 45% dos 204,5 mil votos, vêem agora a chance de derrotar o Campo Majoritário, corrente que comanda o partido há dez anos, fatigado pelas denúncias que derrubaram seus principais dirigentes.

¿ Pela primeira vez, consideramos a possibilidade de sair do partido. O PT não é uma igreja. E mesmo de uma igreja você se muda, desde que não mude de fé ¿ afirma o deputado Chico Alencar (PT-RJ).

De acordo com ele, o ¿campo dos aflitos¿ congrega entre 30 e 35 parlamentares descontentes com a crise agravada esta semana pela descoberta do envolvimento de Paulo Rocha (PT-PA) e João Paulo Cunha (PT-SP) na lista de saques da conta de Marcos Valério no Banco Rural.

¿ Somos surpreendidos a cada dia. A lista dos deputados e a saída de Olívio Dutra do Ministério das Cidades para dar o cargo a um indicado de Severino Cavalcanti são os dois pregos novos da nossa via-crúcis ¿ queixa-se o deputado.

O ¿campo dos aflitos¿ tem conversado com deputados do PSOL, de acordo com a deputada Luciana Genro (PSOL-RS).

¿ Na Câmara, estamos conversando com os deputados. Quem quer se manter à esquerda sabe que o PSOL ainda é um partido em construção. É um caminho natural. Mas todos devem esperar o PED (Processo de Eleições Diretas) do PT para ver como fica a situação ¿ explica Luciana, que foi expulsa em 2003 do PT, que é presidido pelo seu pai, Tarso Genro.

*Especial para o GLOBO