Título: VALÉRIO CHANTAGEIA PT PARA EVITAR DEPOIMENTO DE RENILDA
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 24/07/2005, O País, p. 15
Empresário ameaça fazer novas revelações sobre mensalão
BRASÍLIA. Na sexta-feira, o empresário Marcos Valério de Souza voltou a chantagear a cúpula petista. Tenta evitar a todo custo o depoimento da mulher, Renilda Fernandes, na CPI dos Correios, marcado para terça-feira. Os advogados de Valério tentaram convencer o presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS), mas não conseguiram cancelar o depoimento.
Depois dessa tentativa frustrada, Valério, nos recados que mandou para a cúpula petista, ameaçou fazer novas revelações sobre o esquema de financiamento do PT e de partidos aliados. O publicitário derrubaria a versão montada com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de que pegou empréstimos pessoais em bancos para o PT financiar campanhas eleitorais.
Segundo pessoas que falaram com Valério, ele ameaçou mostrar provas da existência do mensalão e falou até no suposto envolvimento do deputado José Dirceu (PT-SP).
A determinação de Valério surgiu de uma crise familiar. O publicitário estaria abatido com o estado emocional de sua mulher. A filha do casal, de 13 anos, estaria sendo hostilizada no colégio. Valério chegou a chorar em conversas reservadas.
¿ Valério tentou de todo jeito evitar que Renilda prestasse depoimento. Os advogados alegam que ela está emocionalmente abalada ¿ confirmou Delcídio.
Não é a primeira vez que Valério chantageia o PT. Há duas semanas, Delúbio viajou para Belo Horizonte para um encontro com ele. Após uma conversa tensa, Valério aceitou combinar uma versão única sobre a origem do dinheiro do PT. Esta versão foi apresentada em depoimento à Procuradoria Geral da República. Nesses depoimentos, Delúbio e Valério confirmaram a existência de um caixa dois no PT.
Desde que estourou a crise, o ex-tesoureiro do PT tem mantido contatos sigilosos com o empresário mineiro. Mas, agora, Valério está convencido que Delúbio perdeu sua influência sobre o PT. Por isso, sua disposição para romper o acordo feito com o ex-tesoureiro.