Título: 'SISTEMA S É COFRE E CAIXINHA DE SEGREDOS'
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 24/07/2005, Economia, p. 31

Ministro defende reforma na gestão de entidades como Sesi, Sesc e Senac

BRASÍLIA. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, quer mexer no Sistema S (Sebrae, Sesi, Senai, Sesc, Senac, Senat), o qual classificou de "cofre e caixinha de segredos". É um penduricalho da folha de pessoal, afirmou ele, que cobrou uma atitude dos empresários que reclamam dos encargos trabalhistas, mas não querem dividir a gestão dos recursos com o governo e os trabalhadores. Marinho disse que pretende retomar as discussões sobre o assunto, abandonado pelo Fórum Nacional do Trabalho (FNT), formado por representantes do governo, trabalhadores e empresários para discutir as reformas sindical e trabalhista.

- Acho necessário mexer no Sistema S, que é um verdadeiro cofre, uma caixinha de segredos - disse o ministro.

Embora as contribuições sejam feitas pelos empregadores em cima da folha que eles pagam - não são, portanto, recursos públicos - Marinho defende uma gestão tripartite, como já funciona com o dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Ele destacou que, apesar de o governo indicar o coordenador do Fórum do Sistema S, formado por 23 confederações patronais, a União não tem voz ativa na aplicação das verbas.

- Na verdade, o governo indica o presidente do Fórum do Sistema, que é o Jair Meneguelli (ex-deputado do PT), mas coitado dele. Se os empresários não quiserem, não vai andar, não se fará o que precisa ser feito - disse.

Marinho apóia redução da jornada de trabalho

O ministro, ex-dirigente da maior central de trabalhadores do país (CUT), também apóia dois pleitos do movimento sindical que contrariam os interesses dos empregadores: a redução da jornada semanal de trabalho, de 44 horas para 40 horas (sem corte de salário), e a transferência das contribuições previdenciárias da folha de pagamento para o lucro das empresas.

- Acho que a economia brasileira tem condições de suportar uma redução da jornada para 40 horas semanais, assim como suportou de 48 para 44 em 1988. Isso impacta não somente a geração de empregos, mas o tempo que os trabalhadores terão para lazer, estudo e para a família - argumentou Marinho.

Ele destacou que muitos setores que demitiram em massa nos últimos anos não querem nem ouvir falar na tributação sobre o lucro das empresas. Esses dois itens, segundo ele, poderão fazer parte de uma futura reforma trabalhista ou seguir em separado para o Congresso, onde já tramitam vários projetos que propõem a diminuição da jornada de trabalho. (Geralda Doca)