Título: Médicos e nutricionistas alertam para desinformação do consumidor
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 24/07/2005, Economia, p. 30

Risco é de danos à saúde. Pesquisa do Inmetro avaliará marcas light

O aumento do consumo dos produtos light e diet não foi proporcional a um esclarecimento maior da população sobre esses itens. Ainda há dúvidas sobre os conceitos de light e diet. Desconhecer os termos, alertam especialistas, pode causar danos à saúde do consumidor.

Segundo a nutricionista Elizabeth Vilhena, as pessoas tendem a escolher produtos diet e light indiscriminadamente. Ledo engano. Elizabeth lembra que alimentos light têm redução de, ao menos, 25% de gordura. Já os diet são isentos de gordura, açúcar ou glúten, e foram desenvolvidos a princípio para pessoas com diabetes.

- A falta de esclarecimento leva as pessoas a comprarem chocolates diet quando estão, por exemplo, de dieta. Um erro. Esse chocolate não tem açúcar, mas pode ter mais gordura do que a versão tradicional. Resultado: a pessoa pode até engordar. Há quem recorra a sal light, mas são hipertensas. Outro erro.

Professor da FGV: 'Empresas deveriam ser mais honestas'

Para o médico Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), boa parte dos equívocos seria evitada caso a terminologia fosse outra:

- A legislação deveria criar outras nomenclaturas. As atuais confundem demais.

Assim como boa parte dos consumidores, a estudante de psicologia Juliana Pizani desconhece a diferença entre diet e light. No entanto, à exceção de muitos, controla o que consome ao ler o rótulo dos produtos antes de comprá-los:

- Acho que os rótulos deveriam ser mais claros em suas explicações. Até porque estamos falando da saúde das pessoas. Não é isso que buscamos ao pagar mais por produtos que se dizem mais saudáveis?

'Produto diet pode levar a diabetes e colesterol alto'

A confusão do setor não está somente na nomenclatura. Há produtos que se dizem light ou diet e não o são, disse Eduardo Ayrosa, professor de marketing da FGV.

- O problema está no abuso do termo. As empresas deveriam ser mais honestas, até para não perder seu consumidor.

O Inmetro já percebeu essa confusão da indústria. No ano passado, divulgou uma pesquisa que apontou que, de 35 marcas de light analisadas, só dez estavam adequadas. E das 11 marcas de diet, apenas duas passaram no teste:

- Já começamos a preparar a pesquisa de mercado. Esperamos que melhorias já tenham sido feitas nos produtos - disse Rose Maduro, do Inmetro.

Para Elizabeth, as pessoas devem dar preferência a marcas consagradas e ler o rótulo:

- É preciso ter muito cuidado. Em geral, alimentos light podem ser consumidos sem problemas. É preciso ficar atento ao que é diet. Esse produto pode até desencadear diabetes e aumentar o nível de colesterol. em pessoas saudáveis.

o que saber

DIET E LIGHT

LIGHT: Produtos light têm redução de, ao menos, 25% de gordura. Apesar de terem redução calórica, há casos em que se deve evitá-los. Hipertensos, por exemplo, não podem comprar sal light. No seu lugar, o sal diet, vendido nas farmácias.

DIET: Os produtos diet são aqueles isentos de açúcar, gordura ou glúten. A princípio, foram desenvolvidos especialmente para pessoas com diabetes. É preciso olhar o rótulo para identificar se o consumidor sofre o risco de aumentar o colesterol, engordar ou até mesmo desenvolver diabetes.

SAÚDE: Segundo especialista, alimentos light são, em geral, mais saudáveis do que suas versões tradicionais. Leite, iogurte, requeijão, queijo, maionese, creme de leite, pipocas com teores mais baixos de gordura devem ser a primeira opção.

MAIS NUTRIENTES: Alguns produtos light têm mais nutrientes. Um exemplo é o cálcio em leite e derivados, que se apresenta geralmente em maiores quantidades nos produtos light.

EXCESSOS: Diante da redução calórica, há quem tenda a comprar mais itens supérfluos. Especialista alertam: a redução calórica não significa exageros. Excessos prejudicam a saúde.