Título: Valério tentou destruir notas fiscais das agências
Autor: Gerson Camarotti e Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 26/07/2005, O País, p. 11

Gravações confirmam que policial, irmão do contador do empresário, foi encarregado de queimar documentos

BRASÍLIA. Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização judicial confirmam que o empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza tentou destruir notas fiscais emitidas por suas agências de publicidade. Os documentos foram levados para a casa do policial aposentado Marco Túlio Prata Neto, irmão do contador de Valério, Marco Aurélio Prata. Lá, seriam destruídos.

Num dos diálogos gravados, os irmãos discutem "a retirada das notas de um certo local". Em outra trecho da gravação, o contador diz: "A papelada não está no escritório". No dia 14 de julho, a polícia apreendeu na casa do policial aposentado caixas com documentos da DNA Propaganda que estavam sendo queimados.

Material já foi enviado à CPI

A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) recebeu ontem cópias das gravações e já enviou o material para a CPI.

¿ Essas gravações telefônicas mostram que Valério operou para destruir documentação que poderia incriminá-lo. Isso mostra que ele se articulou para sumir com provas, o que reforça a tese de que ele precisa ser preso ¿ afirmou a senadora Heloísa Helena, defensora da tese de que a CPI deve pedir ao Ministério Público a prisão de Valério.

Os integrantes da comissão suspeitam que Valério quisesse destruir as notas, que seriam frias, para ocultar provas de que recebeu por serviços que não teria prestado às estatais, com as quais têm contrato, ou a empresas privadas. Entre o material apreendido pela CPI e pela PF, estão notas emitidas pela DNA para o Banco do Brasil, referentes a serviços que não foram prestados.

Gravações feitas em junho

Ao todo, a CPI recebeu cópias de 16 diálogos gravados entre os dias 23 e 25 de junho. O material mostra ainda conversas das mulheres do contador e do policial discutindo o assunto.