Título: CASA CIVIL REGISTRA REUNIÃO COM DIRIGENTES DE BANCOS
Autor:
Fonte: O Globo, 27/07/2005, O País, p. 4

Dirceu recebeu presidentes de BMG e Rural

BRASÍLIA. Na condição de chefe da Casa Civil, o deputado José Dirceu (PT-SP) recebeu em seu gabinete no Palácio do Planalto os principais dirigentes dos dois bancos que fizeram empréstimos diretamente ao PT e repassaram dinheiro por intermédio de Marcos Valério, responsável por pagamentos feitos a deputados da base aliada. Além de receber para um almoço no dia 20 de fevereiro o presidente do BMG, Flávio Guimarães, três dias depois de o banco ter feito um empréstimo de R$2,4 milhões ao PT, Dirceu recebeu no dia 7 de agosto a presidente do Banco Rural, Kátia Rabelo, às 15h. O Rural deu empréstimo de R$3 milhões ao PT no dia 14 de maio de 2003.

Dirceu recebeu Katia cinco dias antes de vencer o empréstimo, do qual Valério foi avalista, que teria de ser pago em 12 de agosto de 2003. Nesse contrato aparecem os nomes do ex-tesoureiro e do ex-presidente do PT Delúbio Soares e José Genoino.

Nas duas operações, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o publicitário, na condição de avalista, assinaram os contratos. No mesmo dia em que recebeu a presidente do Banco Rural, Dirceu recebera, meia hora antes, o presidente da Usiminas, Rinaldo Soares. Os registros estão na agenda pública da Casa Civil, na internet. Os dois bancos, que tiveram os seus dirigentes recebidos por Dirceu no Planalto, fizeram ainda ao menos outros cinco empréstimos ao publicitário. O dinheiro, diz Valério, teria sido repassado a pessoas indicadas por Delúbio. As cinco operações, cujas garantias eram contratos de publicidade de estatais com agências de publicidade de Valério, representariam R$45 milhões. O valor atualizado pode chegar a R$90 milhões, que seria a dívida atual do PT com o publicitário. Em depoimento na Procuradoria Geral da República, Valério disse que Dirceu sabia dos empréstimos.

A assessoria de Dirceu disse que ele comentou que, na condição de chefe da Casa Civil, "recebeu inúmeros representantes de empresas e bancos em circunstância de normalidade e de relacionamento do governo com representantes do empresariado".