Título: UM PATRIMÔNIO INEXPLICÁVEL
Autor:
Fonte: O Globo, 27/07/2005, O País, p. 4

Renilda se apresenta como dona-de-casa, alheia aos negócios milionários do marido

BRASÍLIA. Ninguém quer nascer pobre e morrer pobre. Com essa frase, Renilda de Souza explicou a evolução patrimonial do casal Marcos Valério Fernandes de Souza. Embora com patrimônio declarado de R$18 milhões e movimentação financeira em suas contas bancárias de mais de R$4 milhões, Renilda tentou se apresentar como uma dona-de-casa comum, alheia aos negócios feitos pelo marido nas empresas das quais é sócia. Nascida na classe média, ela não conseguiu explicar como nunca questionou o enriquecimento abrupto nos últimos anos.

No depoimento, admitiu dispor de um Corolla, um Land Rover e duas Pajero:

- Nosso Land Rover é daquele pequeno, não é igual ao do Sílvio Pereira.

Além dos carros, Renilda contou que a família dispõe de dois imóveis, cada um registrado no nome de um dos filhos. Natália, de 14 anos, tem em seu nome uma casa em Castelo, bairro de Belo Horizonte. O mais novo, João Vítor, de 4, tem em seu nome a casa na qual a família mora atualmente, no condomínio Retiro dos Chalés em Brumadinho, a 35km de Belo Horizonte. Também a Natália pertencem os 13 cavalos de raça que ficam no Cepel.

- Mas não tem nenhum filho de Baloubet du Rouet, como disseram por aí.

Das contas bancárias, algumas só dela e outras conjuntas com o marido, Renilda garantiu que só controlava de perto uma em que recebia um 'pro labore' de R$3.500, que usava para despesas pessoais, e outra na qual o marido recebia mensalmente R$30 mil da SMP&B e mais R$30 mil da DNA. Garantiu que nunca assinou cheques acima de R$100 mil, embora tenha admitido que foi informada do depósito de altas quantias em suas contas, que, segundo explicações dadas por Marcos Valério à mulher, seriam referentes à divisão de lucros de suas empresas.

- Controlava apenas as despesas domésticas - assegurou.

Diante da insistência dos parlamentares em saber por que Renilda nunca se preocupou em saber detalhes sobre os negócios, ela fez um mea-culpa:

- Eu posso dizer hoje que me sinto errada, alheia e até covarde por nunca ter me interessado pelas empresas das quais era sócia. Sobretudo por causa do momento em que eu e minha família vivemos hoje. Se pudesse, voltaria atrás.

Legenda da foto: A CASA DE Marcos Valério e Renilda: imóveis no nome dos filhos