Título: DOS BENEFICIADOS, 4 HOJE SÃO ASSESSORES DE AÉCIO
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 27/07/2005, O País, p. 8

Presidente de fundação, dois secretários e um subsecretário receberam recursos de conta da SMP&B

BRASÍLIA. O esquema de captação e distribuição de recursos da SMP&B, do empresário Marcos Valério, para o PSDB mineiro, em 1998, beneficiou pelo menos quatro políticos que hoje ocupam cargos no governo Aécio Neves (PSDB). Os quatro elegeram-se deputados estaduais em 1998, ano em que foi repassado o dinheiro da SMP&B para a campanha eleitoral da coligação do então governador Eduardo Azeredo (PSDB).

Entre eles está Amílcar Martins, um tucano histórico que foi candidato a prefeito de Belo Horizonte em 1996 e que hoje preside a Fundação João Pinheiro, vinculada ao governo mineiro. Os outros são Olavo Bilac Pinto Neto, secretário estadual de Ciência e Tecnologia; o subsecretário de Direitos Humanos, João Batista Oliveira; e a secretária extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Elbe Brandão.

No total, os quatro receberam R$48 mil

No total, para os quatro beneficiados foram repassados R$48 mil da SMP&B. Os depósitos foram feitos no mesmo dia, 28 de outubro de 1998, após a eleição de deputado estadual. Por esse motivo, alguns negam que o dinheiro tenha sido usado em suas campanhas ou mesmo para pagar dívidas. O dinheiro teria servido exclusivamente para gastos com material de campanha de Azeredo no segundo turno, quando ele perdeu para Itamar Franco (PMDB).

O maior repasse, entre os quatro, foi de R$20 mil para Bilac, que elegeu-se deputado estadual pelo PFL. O débito foi feito numa agência do Bemge. Maurício Antônio Figueiredo, que foi chefe de gabinete de Elbe Brandão na Assembléia Legislativa e hoje trabalha com a secretária, recebeu um depósito de R$15 mil. Naquele ano, Elbe elegeu-se deputada pelo PSDB.

Depósito de R$7 mil para deputado estadual

Já Oliveira elegeu-se deputado estadual pelo PDT. A SMP&B depositou em sua conta R$7 mil. Martins recebeu da conta de Valério, numa agência da Caixa Econômica Federal, R$6 mil.

Elbe Brandão foi a única que não recebeu recurso diretamente na sua conta, mas na de seu assessor. Ela disse que, na época do repasse, era suplente e já tinha sido eleita deputada estadual. Figueiredo, segundo ela, coordenou a campanha de Azeredo no segundo turno no Vale do Jequitinhonha e usou esse dinheiro para pagar gastos de logística.

- Esse dinheiro não foi usado na minha campanha, nem para pagar dívidas anteriores. Eu já estava eleita. Ainda assim, o dinheiro, para nós, era enviado pelo comitê de Eduardo Azeredo. Meu partido tem credibilidade e não tenho por que desconfiar nem buscar a origem do recurso - disse a secretária.

João Batista também afirmou que já estava eleito e que o dinheiro foi enviado pelo comando da campanha de Azeredo para ele porque era um dos coordenadores.

- O dinheiro foi repassado para custear gastos como a contratação de carros - disse o subsecretário.

A assessoria de imprensa de Bilac informou que o secretário iria averiguar nos seus escritórios políticos no interior de Minas a existência do documento comprovando o depósito. Martins não retornou à ligação do GLOBO, que fez diversos contatos com a assessoria da Fundação João Pinheiro.