Título: LULA E ALENCAR DISCUTEM REAJUSTE PARA MILITARES
Autor:
Fonte: O Globo, 27/07/2005, O PaÍs, p. 15

Forças querem aumento de 23%, mas Fazenda propõe índices entre 10% e 11% divididos em 2005 e 2006

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu ontem a questão do aumento salarial para os militares. Lula se reuniu de manhã com a equipe econômica e à noite com o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, e ainda os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Ontem, a área econômica apresentou duas alternativas a Lula: a primeira era conceder 5% agora e outros 5% em 2006 e a outra, 6% agora e mais 5% no ano que vem. Os militares querem um reajuste de 23%. Em setembro de 2004, eles receberam 10% de reajuste e, na época, houve a promessa de novo aumento. Até as 21h, o Palácio do Planalto informava que não havia decidido, apesar de a expectativa dos militares e do próprio Alencar é que o assunto fosse resolvido ontem.

Oficialmente, a reunião de Lula com Alencar e os comandantes foi para tratar das promoções nas três Forças, que precisam ser decididas até dia 31 de julho.

O reajuste salarial dos militares vem sendo cobrado pelas tropas desde março, quando as mulheres dos militares começaram a fazer protestos. O presidente Lula já demonstrou irritação com os constantes protestos das mulheres.

A promessa de um novo reajuste de 23% foi feita pelo então ministro da Defesa José Viegas, que deixou o cargo em novembro do ano passado. Alencar, como novo ministro, vem se empenhando pessoalmente para a concessão de um reajuste, mas a equipe econômica tem sido enfática ao dizer que não tem como dar 23% e que não há recursos para altos reajustes. Alencar já chegou a dizer que a defasagem salarial dos militares é de 35%.

Em meio às negociações, Alencar propôs dividir novamente o aumento em duas parcelas: 13% a partir de 1º de julho de 2005 e 10% em janeiro do próximo ano. A equipe econômica rechaçou a proposta, argumentando que somente o aumento deste ano custaria R$1,2 bilhão. Na semana passada, depois de mais uma rodada de negociações sem sucesso, o comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos Bueno, disse que, para a equipe econômica, o aumento viável seria de "zero por cento".

Mais de uma vez, o próprio presidente Lula disse que não havia recursos no Orçamento da União para pagar o aumento dos militares, mas ressaltou que trataria do assunto com carinho. A demora do governo está provocando irritação entre os militares. O clima já foi repassado a Lula por Alencar, que durante a reforma ministerial confidenciou que não iria deixar o cargo enquanto não conseguisse resolver a questão do aumento. Segundo o Planalto, a decisão final será de Lula e de Alencar.