Título: BIBLIOTECA NACIONAL ABRE LICITAÇÃO PARA CÂMERAS
Autor: Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 27/07/2005, Rio, p. 21

Anúncio é feito oito dias depois da descoberta do furto de cerca de 150 fotos raras do acervo da instituição

Pouco mais de uma semana depois de constatado o desaparecimento de pelo menos 150 fotografias raras de seu acervo, a direção da Fundação Biblioteca Nacional anunciou ontem licitação para a instalação de novas câmeras na instituição. Nos cálculos do presidente da fundação, Pedro Corrêa do Lago, a concorrência deverá ser lançada em um mês e o custo estimado da instalação é de R$120 mil. Os diretores da Associação dos Servidores da Biblioteca Nacional afirmam que o furto levou à decisão. A vigilância eletrônica, de acordo com a associação, não funciona há um ano e nove meses.

- Denunciamos essa situação há um ano e oito meses e esse cuidado só está acontecendo agora, depois de arrombada a porta. De uma certa forma, agradeço a Deus por esse furto acontecer - disse o diretor administrativo da associação, Rutônio Santana.

O presidente da fundação, no entanto, afirma que a decisão de instalar novas câmeras foi tomada antes do furto. Segundo ele, as condições de segurança da biblioteca estão de acordo com o que permite o orçamento da instituição. A licitação foi anunciada em reunião com os representantes dos servidores.

- Já estávamos fazendo isso antes, mas o processo é mesmo lento. Segurança sempre pode ser melhorada. A que existe, é possível dentro do nosso orçamento. Até hoje, a segurança tinha sido suficiente para evitar roubos. Não estamos preparados para três meses e meio de greve - disse Pedro Corrêa,

O furto, segundo o presidente, foi constatado na segunda-feira, dia 20 de julho, quando foi registrada a ocorrência na Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio da Polícia Federal.

Inventário do material furtado ainda não está pronto

A investigação corre em segredo de Justiça. A PF chegou a divulgar a informação de que teriam sido recuperadas 20 das pelo menos 150 fotografias desaparecidas, depois de operações que atenderam a quatro mandados de busca. Funcionários da Biblioteca que tiveram acesso às obras apreendidas negam que as fotos desaparecidas estejam entre elas. A PF ontem informou que não há novidades sobre o caso. O inventário do material furtado ainda não foi concluído.

Entre as obras furtadas estão registros de quatro fotógrafos - o brasileiro Marc Ferrez, os alemães August Stahl e Guilherme Liebenau e o inglês Benjamin Mulock - com imagens do Brasil do século XIX. Elas faziam parte da coleção Teresa Cristina Maria, deixada em testamento pelo imperador Dom Pedro II

As fotografias furtadas foram substituídas por outras antigas, mas sem valor, indicando que as pessoas que levaram as fotos tinham livre acesso à biblioteca. O presidente da associação dos servidores, José Carlos Santos, informou que, durante a greve, o piquete na porta da Biblioteca permitia apenas o acesso dos cerca de vinte guardas e da direção. A entrada de visitantes deveria ser autorizada pela direção e registrada em um livro. O acesso às fotos que foram levadas só era possível com a utilização de pelo menos três chaves: nenhuma das portas foi arrombada.