Título: INFRAERO PEDE R$ 400 MILHÕES PARA FAZER OBRAS
Autor: Geralda Doca e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 27/07/2005, Economia, p. 27

Santos Dumont é um dos sete aeroportos que devem ser reformados com esse dinheiro nos próximos anos

BRASÍLIA. Prestes a deixar o comando da Infraero, o atual presidente da estatal, Carlos Wilson, negociou com o governo o aporte de R$400 milhões na empresa ainda este ano. Segundo ele, o dinheiro virá do Tesouro Nacional e será usado para apressar a remodelação dos aeroportos. São sete obras ao todo, incluindo a do Santos Dumont, que corre contra o tempo devido à proximidade do Jogos Panamericanos de 2007, no Rio.

Wilson ressaltou que as obras estão em ritmo lento e que, se não houver uma capitalização urgente, a reforma não cumprirá o cronograma previsto. Também estão em andamento obras nos aeroportos de Congonhas, Goiânia, Macapá, Brasília e Maceió, e foi prorrogado o início da construção do terceiro terminal de Guarulhos.

Segunda-feira, havia sido acertado com a equipe econômica um cronograma de capitalização de R$1 bilhão, por meio de uma medida provisória, pela qual o Tesouro abrirá mão do adicional da tarifa de embarque internacional, a partir de 2006, o que vai render à estatal cerca de R$250 milhões por ano até 2010. As duas medidas ainda estão sendo acertadas pela Casa Civil e pelo Ministério da Fazenda.

A falta de dinheiro na estatal, que apresentou resultado ruim no ano passado, é um dos problemas a serem administrados. Para isso, está sendo preparado também um choque de gestão na Infraero, que prevê, entre outras medidas, o afastamento de cem assessores nas unidades regionais que tiveram indicação política. As vagas deverão ser preenchidas por funcionários de carreira da Infraero.

Para pôr em prática decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de dar prioridade a perfis técnicos no comando das estatais, dois diretores que não pertencem ao quadro de carreira da Infraero serão trocados. O diretor comercial, Fernando Almeida, será substituído pelo atual superintendente do Aeroporto de Brasília, Marco Antonio de Oliveira. Já o diretor de Administração, Adeumar Sabino, será trocado pelo gerente de Engenharia de Guarulhos, Roberto Spinelli.

Os novos dirigentes devem tomar posse em dez dias. Apesar da existência de uma briga interna na estatal pela indicação do novo presidente - um grupo tenta emplacar o ex-deputado Airton Soares e outro defende o nome do diretor de Planejamento, Tércio Ivan de Barros - o Palácio do Planalto continua fechado em torno de Tércio. Sua indicação foi reforçada ontem por Wilson em reuniões na Casa Civil.

Alguns assessores tentam minar a indicação, alegando que Tércio está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de irregularidades em licitações da Infraero.

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