Título: G-4 E UNIÃO AFRICANA FAZEM ACORDO NA ONU
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 27/07/2005, O Mundo / Ciencia e Vida, p. 32

Grupo que inclui Brasil recebe apoio da África para ampliação do Conselho de Segurança

NOVA YORK. Brasil, Japão, Índia e Alemanha conseguiram um acordo com os representantes da União Africana para apresentar um projeto conjunto de reforma do Conselho de Segurança da ONU, informou ontem o chefe da missão brasileira nas Nações Unidas, embaixador Ronaldo Sardenberg. Numa reunião ministerial em Londres, segunda-feira, ficou acertado que será proposta a entrada de mais seis países como membros permanentes do Conselho, mantendo o direito de veto só nas mãos de Estados Unidos, China, França, Inglaterra e Rússia. Mas, como queriam os africanos, a resolução vai prever a criação de cinco lugares para países não-permanentes, sendo que a quinta vaga será ocupada alternadamente por representantes de África, América Latina e Ásia.

- O acordo foi fechado e agora estamos na fase da implementação. Os ministros africanos vão levar o projeto para ser referendado pelos chefes de governo e a percepção é de que eles vão aceitar - disse o embaixador.

Se o acordo for referendado, a proposta comum da União Africana e do G-4 ( Brasil, Alemanha, Índia e Japão) já chegaria ao plenário da Assembléia Geral das Nações Unidas com 82 votos, cerca de dois terços dos 128 necessários para aprovar as bases da reforma.

G-4 já quer votar projeto na sexta-feira

Trinta e quatro países assinaram o projeto de resolução do G-4 e 53 estão representados pela União Africana, o que dá uma base de 82 votos para a proposta conjunta dos dois grupos, cujo texto já começou a ser redigido em Nova York.

- O acordo vai atrair muitos votos para a nossa proposta - previu o embaixador brasileiro.

Apesar da oposição forte dos Estados Unidos e da China, a avaliação dos diplomatas brasileiros é de que nunca foram tão boas as condições para a aprovação da ampliação do Conselho de Segurança da ONU, discussão que se arrasta há mais de uma década. Por isso, a idéia do G-4 é aproveitar os bons ventos e levar o projeto à votação já na sexta-feira. Se aprovado, o próximo passo seria a escolha do nome dos países candidatos a membros permanentes, também por 128 votos - pelo acordo, seriam levados à assembléia a candidatura do G-4 e dois representantes da África ainda não escolhidos. Uma terceira votação ainda seria necessária para emendar a Carta da ONU.

O encontro de Londres foi longo e complicado. Os representantes da África abriram mão do direito de veto previsto na proposta da União Africana e o G-4 acrescentou ao projeto uma quinta cadeira para membros não-permanentes do Conselho. Mas em vez de destinar essa nova vaga à África, como queriam seus representantes, estabeleceu-se uma solução de compromisso e a cada dois anos o posto será ocupado também por diplomatas da América Latina e da Ásia. Para chegar a essa fórmula, a reunião foi interrompida muitas vezes para consultas entre os africanos.