Título: Pesquisa do BC ainda não registrou efeito da Selic
Autor: Flávia Oliveira
Fonte: O Globo, 26/10/2004, Economia, p. 21

Os analistas de mercado esperam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve como referência para o sistema de metas de inflação do governo federal, termine este ano em 7,18%, abaixo do teto da meta, de 8%. A estimativa medida pela pesquisa semanal Focus do Banco Central (BC), realizada com 100 economistas e consultores, manteve-se praticamente estável em relação aos 7,16% do levantamento anterior. Também houve um ligeiro aumento da projeção de 2005, que passou de 5,81% para 5,89%. Com isso, a previsão se mantém abaixo do limite de 7% da meta de inflação do ano que vem.

O aumento dos juros básicos da economia (denominada taxa Selic) de 16,25% para 16,75% ao ano ano, decidido na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), ainda não apresentou os efeitos nas projeções de inflação. Segundo técnicos do BC, o impacto só aparecerá nas pesquisas das próximas semanas, quando se espera uma queda das estimativas do IPCA.

Em 2004, os índices de preços mais afetados foram o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) e o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), ambos calculados pela Fundação Getúlio Vargas, que devem subir este ano 12,37% e 12,19%, respectivamente. Os motivos foram as turbulências que pressionaram o dólar em maio passado ¿ por causa das expectativas de aumento dos juros básicos nos Estados Unidos, que acabaram se confirmando ¿ e os altos preços de commodities (principalmente soja e aço) no mercado internacional.

Os cálculos dos analistas consultados pelo BC consideraram o dólar cotado a R$ 2,95 em dezembro de 2004 e a R$ 3,10 no fim de 2005. Na pesquisa Focus, os economistas ainda acreditam que os juros básicos vão subir para 17% ao ano até o fim deste ano e podem baixar para 15,5% ao ano ao longo de 2005. Com isso, o Produto Interno Bruto (PIB) poderá crescer 4,56% neste ano e 3,5% no ano que vem.

Um dos números mais positivos é o da balança comercial. A previsão é de que o comércio exterior brasileiro encerre 2004 com um superávit de US$ 32,63 bilhões e o ano de 2005, com um saldo de US$ 27 bilhões.