Título: ANP: A DEFASAGEM DE PREÇO NA GASOLINA CHEGA A 30%
Autor: Monica Tavares
Fonte: O Globo, 28/07/2005, Economia, p. 28

Mas diretor da agência diz que aumento seria impopular

BRASÍLIA. Apesar da pressão do setor privado ¿ especialmente dos controladores da Refinaria de Manguinhos ¿ em relação à política de preços da Petrobras, o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, descartou ontem um aumento dos combustíveis por considerar que a medida é impopular e ¿se nós fizermos isso é botar de cabeça para baixo toda a política¿. Segundo Lima, a defasagem de preço da gasolina em relação ao mercado internacional é de 30%. No caso do diesel, a diferença fica em 20%. O presidente da estatal se reuniu ontem com o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, para discutir a situação de Manguinhos. Os controladores da refinaria dizem ser impossível funcionar com esse nível de defasagem.

¿ A hipótese de equilibrar o preço com o nível internacional significa uma elevação substancial (do preço no Brasil), que o povo brasileiro não vai superar ¿ disse o diretor-geral, ao ser perguntado se uma das saídas para Manguinhos seria o reajuste dos combustíveis.

Para ele, aumentar preços da gasolina e do diesel seria uma coisa ¿chocante para o Brasil¿:

¿ A nossa exigência não deve ser que aumente o preço da gasolina. Isso é uma medida absolutamente antipopular para um governo popular.

ANP desiste de ir ao Cade contra a estatal

A ANP desistiu, por enquanto, de entrar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) com representação contra práticas anticompetitivas, conforme determina a Lei do Petróleo. Lima disse que na semana passada Manguinhos informou à ANP a dificuldade em operar devido à política de preços da Petrobras ¿ que os mantém congelados e tem 95% do mercado. Manguinhos teria garantido cerca de 500 empregos diretos e indiretos só até 19 de agosto. Ontem, funcionários da refinaria fizeram passeata no Centro do Rio contra o possível fechamento da empresa.

Segundo Lima, há duas hipóteses em estudo. A primeira é usar a Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide) para compensar as perdas com os preços congelados no mercado interno, o que terá de ser analisado também pelo Ministério da Fazenda. A outra é a Petrobras arrendar a refinaria.

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