Título: Risco-país fica acima dos 500 pontos
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 26/10/2004, Economia, p. 22

Após um mês e meio, o risco-Brasil, termômetro da confiança dos investidores estrangeiros no país, voltou a superar os 500 pontos centesimais (ou seja, 5% a mais que a taxa paga pelos títulos do Tesouro dos Estados Unidos). Ontem, o indicador bateu 504 pontos, o que não ocorria desde o dia 13 de outubro, quando registrou 508 pontos. A alta do petróleo ¿ que bateu o recorde histórico de US$ 55,67 no pregão eletrônico ¿ a expectativa com a ata do Copom (que será divulgada na quinta-feira) e a cautela devido à elevação dos juros básicos no Brasil e às eleições americanas reduziram ontem o apetite dos investidores pelas aplicações em títulos de países emergentes.

O C-Bond, um dos títulos mais negociados da dívida externa brasileira, caiu 0,95%, para 97,9% do valor de face. O Global 40, papel mais procurado hoje pelos investidores, perdeu 1,35% do seu valor, cotado a 109,5%. No mercado nacional, a queda dos títulos brasileiros pesou sobre o dólar, que subiu 0,49% e fechou cotado a R$ 2,884, próximo da máxima do dia. A Bolsa caiu 0,58%.

Os contratos de juros futuros, negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), deram ontem a medida da expectativa em relação à divulgação da ata do Copom. As taxas projetadas pelos contratos mais negociados, com vencimento em abril do ano que vem, subiram de 17,54% para 17,60% ao ano. Desde o início do mês, saltaram de 17,08% para os 17,60% de ontem.

¿ A alta dos juros na semana passada alimentou especulações sobre se o arrocho será ou não maior nas próximas reuniões do Copom, o que pressionou as taxas futuras. A ata vai ajudar entender o que vem pela frente ¿ diz Mário Battistel, diretor de Câmbio da corretora Novação.

Mercantil do Brasil fecha captação de US$ 35 milhões

Apesar da alta do risco, o cenário continua favorável ¿ embora mais caro ¿ para a captação de recursos por empresas brasileiras no exterior. Prova disso é que ontem o Banco Mercantil do Brasil fechou a primeira captação internacional em 61 anos. O banco levantou US$ 35 milhões. Os papéis têm vencimento em um ano.