Título: LISTA DE SACADORES DECEPCIONA A CPI
Autor:
Fonte: O Globo, 28/07/2005, O País, p. 10

Relação que era `pólvora pura¿ não tem parlamentares ou assessores

BRASÍLIA. Classificada pelo próprio relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), como ¿pólvora pura¿, a relação dos mais de 120 nomes de sacadores das contas do Banco Rural enviada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à CPI acabou virando motivo de decepção ontem entre os integrantes da comissão. A suspeita de que fossem aparecer nomes de parlamentares e de assessores caiu por terra. Levantou-se até a suspeita de uma eventual operação-abafa. Alguns parlamentares estranharam a ausência da lista entre os documentos encaminhados inicialmente à CPI.

¿ Está todo mundo achando isso muito estranho. Esses documentos saíram de Minas Gerais, o relator falou que era pólvora pura, só que ninguém está vendo essa lista ¿ disse o senador Cesar Borges (PFL-BA).

¿ Prefiro acreditar que não havia novidade, que tudo não passou de um equívoco de interpretação (do relator) ¿ afirmou Onyx Lorenzoni (PFL-RS).

O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) ironizou:

¿ Venderam um barril de pólvora e acharam um traque.

O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) demonstra esperança de que os nomes que ligam os saques a parlamentes ainda poderão surgir:

¿ Até tem nomes novos, mas esses nomes não envolvem parlamentares. Mas, sinceramente, acredito que não vai ficar só nisso.

Sob suspeita de omissão de dados comprometedores, o Banco Rural resolveu demonstrar publicamente que deseja colaborar com a CPI. Ontem, representantes do banco e integrantes da comissão reuniram-se a portas fechadas no Senado. Em vez de diretores, o Rural enviou o advogado José Carlos Dias para conversar com o presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS). Agora, a comissão terá a disposição dois técnicos do banco para explicar e ajudar interpretar os documentos encaminhados, inclusive os que contém grande volume de recursos com saques não identificados.

¿ Não há como proteger ninguém. A CPI vem cumprindo um papel histórico. Jamais o banco poderia prejudicar as investigações ¿ disse Dias.

Delcídio concordou, em parte, com a argumentação:

¿ É um momento de tensão. Não podemos colocar sob risco uma instituição financeira. Nós temos de tomar muito cuidado com a divulgação dos dados e alguns parlamentares já cometeram equívocos.