Título: EMPRESÁRIOS: DISCURSO FOI EXAGERO
Autor: Luciana Rodrigues e Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 29/07/2005, O País, p. 8

`Não entendemos essa declaração de vulnerabilidade¿, diz Paulo Skaf, da Fiesp

SÃO PAULO. Empresários de São Paulo entenderam a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que a economia brasileira ainda é ¿multo vulnerável¿, de maneiras distintas. O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse ¿preferir achar¿ que a declaração do presidente foi ¿um exagero¿, enquanto o diretor executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, avalia que o discurso foi para tranqüilizar o mercado em função da crise política, no sentido de que o governo não vai cometer loucura na economia.

¿ O ministro Palocci e a equipe econômica insistem na qualidade dos fundamentos de nossa economia: superávit fiscal, superávit comercial, inflação sob controle. A economia segue o mesmo rumo, apesar da crise política. Não entendemos agora essa declaração de vulnerabilidade. Preferível achar que foi um exagero ¿ disse Skaf.

¿ Ele falou sobre a economia querendo tranqüilizar o mercado, o país. Foi no sentido, acreditamos, de afirmar que ninguém do governo vai cometer qualquer ato que seja entendido como loucura ¿ disse Júlio de Almeida, diretor executivo do Iedi.

Para o diretor da entidade empresarial, no entanto, a economia precisa de ¿consertos¿ que não são loucura.

¿ Baixar os juros e consertar o câmbio são medidas que não consideramos loucura e, sim, um sinal de pensamento salutar ¿ reivindicou Almeida, lembrando que, desde que assumiu, Lula reduziu a vulnerabilidade do país ¿muito mais do que se imaginava¿. ¿ O presidente tem bala na agulha para enfrentar a crise política como ninguém teve desde a abertura, nos anos 90.

Francini: discurso foi contraditório

Para o diretor executivo do Iedi, o governo conseguiu a ¿bala na agulha¿ com medidas como o aumento das reservas, o controle da inflação, o superávit comercial, o câmbio valorizado, uma situação externa com bastante liquidez, a redução da dívida externa e a dispensa dos empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Paulo Francini, diretor do departamento econômico da Fiesp, afirmou que o discurso de Lula foi contraditório em relação ao que outras autoridades do governo, como o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, vêm dizendo.

¿ É melhor combinarem o que vão dizer ¿ ironizou.