Título: PROCURADOR-GERAL DESCARTA PEDIDO DE PRISÃO AGORA
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 29/07/2005, O País, p. 10

Deputados esperam, porém, obter bloqueio dos bens de Valério

BRASÍLIA e BELO HORIZONTE. O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, jogou ontem um balde de água fria na pretensão da CPI dos Correios de prender preventivamente de imediato o empresário Marcos Valério. Ele deixou claro a integrantes da comissão que só pedirá a prisão preventiva quando considerar que os indícios contra Marcos Valério são suficientes para convencer o Supremo Tribunal Federal.

Os dirigentes da CPI deixaram o encontro convencidos de que o procurador-geral poderá aceitar e enviar antes ao Supremo outro pedido aprovado pela CPI, o de bloqueio dos bens de Marcos Valério.

A CPI entende que Valério está orientando a destruição de provas. Exemplo disso seriam as notas fiscais queimadas da agência DNA Publicidade, da qual o empresário é sócio, apreendidas em Belo Horizonte na casa do irmão do contador de Valério, Marco Túlio Prata.

Apesar do encontro, só hoje os dirigentes da CPI enviarão ao procurador-geral o pedido de prisão de Valério e de bloqueio de seus bens. A conversa, segundo o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), serviu para acertar estratégias conjuntas de investigação e troca de informações. Antes, o grupo esteve com o presidente do Tribunal de Contas da União, Adylson Motta.

A decretação da prisão de Valério tem um problema de ordem prática sobre o andamento da investigação, explicou o procurador-geral ao parlamentares. Uma vez aprovado pelo Supremo e preso o empresário, o Ministério Público terá apenas mais quinze dias para concluir o inquérito e outros cinco para propor uma ação criminal contra ele. Como a investigação está em andamento e a previsão é que possa durar meses, seria contraproducente limitar o período de apuração.

Além de Fruet, reuniram-se com Souza o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Hoje, quando entregarem o pedido de prisão, os parlamentares vão incluir o termo de apreensão de notas fiscais queimadas da agência DNA e a gravação telefônica feita pela polícia mineira.

Advogado: pedido de prisão é para criar manchetes

O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, criticou o pedido de prisão, que considerou. Na sua opinião, ¿descabido, para criar manchetes de jornais¿. Para o advogado, a decisão não tem fundamento legal, já que nas gravações feitas não há referência a Valério.

¿ Pedir prisão todo mundo pode, mas confiamos no Supremo Tribunal Federal, que tem a tradição de sempre repudiar prisão preventiva que não tenha fundamento.

O advogado afirmou que o empresário já declarou que não tem nenhum interesse em deixar o país e que pretende assumir todas as responsabilidades. E, caso seja decretada a prisão, o advogado garante que Valério vai se apresentar, sem necessidade de operação policial. Marcelo Leonardo afirmou ainda que vai aguardar a decisão do procurador-geral da República.

COLABOROU: Paula Rangel (BH)