Título: Impeachment é improvável
Autor:
Fonte: O Globo, 29/07/2005, O País, p. 12

Impeachment e conseqüente ingovernabilidade são improváveis, de acordo com os cientistas políticos Rogério Schmitt, da consultoria Tendências, e Geraldo Tadeu Monteiro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Para o professor, é de se esperar, porém, que o chefe do Poder Judiciário se manifeste politicamente sobre grandes questões do país. Já Schmitt acha que, independentemente da situação do presidente Lula, não cabe ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, emitir juízo político sobre a crise do mensalão ou qualquer outra.

Para Schmitt, a popularidade do presidente é a razão de não ver sentido na iniciativa do presidente do STF de dizer temer pela desestabilização caso a oposição tente tirar Lula.

¿ É pouco provável que o presidente venha a ser afastado ¿ disse Schmitt, que completou:

¿ Os índices de avaliação do presidente Lula ainda são bons, ainda mais levando-se em conta que são bem maiores do que os do Congresso. Afastar um presidente que tem 15% de índice de aprovação não provocaria trauma. Existe uma vontade em parte do Congresso para que o impeachment aconteça, mas ela foi reduzida esta semana porque a oposição também passou à postura defensiva diante das denúncias sobre o financiamento do PSDB e de outros partidos em 1998. O presidente do STF deve ter maniestado uma opinião pessoal.

Para Geraldo Tadeu Monteiro, o risco de afastamento do presidente é muito pequeno, pois não há indício de participação de Lula em qualquer esquema. Mas ele acha que a preocupação de Jobim é legítima:

¿ Como chefe do Poder Judiciário, ele tem de ter preocupação com a ordem, com a legalidade. Esta preocupação também é política. Ele tem uma responsabilidade política, que não deve ser confundida com responsabilidade partidária ¿ disse Monteiro.

¿ O que comprometeria o ministro seria uma preocupação partidária, que não foi o caso. Quando faz uma advertência dessa natureza, acho que é para dar recado aos políticos que apostam na política do "quanto pior, melhor" ¿ completou.