Título: MICROCRÉDITO TERÁ R$59 MILHÕES
Autor: Mirelle de França
Fonte: O Globo, 29/07/2005, Economia, p. 42

Recursos serão liberados pelo BNDES dentro do novo modelo de gestão

A primeira aprovação dentro do novo modelo do Programa de Microcrédito do BNDES deverá acontecer nas próximas duas semanas, de acordo com o diretor de Inclusão Social e de Operações Indiretas do banco, Maurício Borges Lemos. Segundo ele, a carteira de microcrédito da instituição ¿ operações em consulta, análise e enquadramento ¿ soma hoje R$59 milhões, quase o dobro do valor registrado há cerca de um ano.

O novo programa de microcrédito do BNDES entrou em vigor em abril deste ano. Uma das mudanças em relação ao modelo da gestão anterior é o fim da exigência de garantias reais ao tomador dos recursos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs) e cooperativas. São esses agentes que repassam o dinheiro para os microempreendedores interessados.

Para Lemos, a exigência de uma garantia real criava um obstáculo à concessão de recursos, devido à dificuldade dos tomadores em apresentá-las. Hoje, a garantia da operação pode ser, por exemplo, a própria carteira de crédito da instituição que pegar o empréstimo, ou seja, a receita obtida com os financiamentos aos microempreededores. Por outro lado, o banco passou a exigir um plano de negócios: quer saber onde o dinheiro será aplicado e fará um acompanhamento constante dos projetos.

¿ O programa anterior era mais seguro no que diz respeito ao risco bancário, devido às exigências de garantias reais, mas não funcionava. E ainda era pouco exigente ao não se informar para onde dinheiro estava indo ¿ disse ontem o diretor do banco.

Instituição fechou acordo com bancos estaduais

Lemos salientou, no entanto, que uma das dificuldades para expandir o microcrédito é a falta de informações e conhecimento deste mercado. Segundo o diretor, o banco está trabalhando com as Ocips e SCMs para identificar as necessidades do mercado, mas quer começar a operar o mais rapidamente possível:

¿ Só conversar não vai resolver, temos que começar a operar e conhecer casos. Vamos trabalhar também com instituições que repassarão para as Ocips. Isso pode ajudar muito a multiplicar nossa capacidade ¿ disse, ressaltando que o banco recentemente enquadrou o Banesc e a Caixa do Rio Grande do Sul.

Para o diretor do banco, a meta é que todo o sistema de microcrédito movimente cerca de R$1 bilhão. O custo do microcrédito para as Ocips e SMCs, por exemplo, é TJLP (hoje em 9,75% ao ano) mais 0,5% de remuneração e 1% de taxa de risco de crédito ao ano. O limite mínimo é de R$1 milhão. Já para os bancos que servirão de intermediários entre as Ocips e o BNDES, o custo é o da TJLP. Hoje, o banco opera com 32 instituições.

Na ponta, o microempreendedor ¿ que pode ser formal ou informal ¿ pagará taxa de juros de 4% ao mês e poderá pegar financiamento de até R$5 mil para capital de giro ou investimento fixo. O prazo de pagamento será analisado individualmente.