Título: CEPAL: AMÉRICA LATINA NÃO DEVE REDUZIR POBREZA
Autor:
Fonte: O Globo, 29/07/2005, Economia, p. 51

Machinea diz que distribuição desigual de renda é obstáculo

CIDADE DO PANAMÁ. A maioria dos países da América Latina e do Caribe não vai cumprir o objetivo de redução da pobreza à metade até 2015, uma das Metas do Milênio estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU). A advertência foi feita ontem pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), durante reunião de chefes de Estado do Caribe no Panamá.

¿ A distribuição desigual de riqueza tem sido o maior obstáculo nessa área ¿ disse o secretário-executivo da Cepal, o argentino José Luis Machinea.

Ele ressaltou, no entanto, que houve avanços importantes em algumas das oito Metas do Milênio, como o combate à fome e à desigualdade entre homens e mulheres na educação, a melhoria no acesso à água potável e a redução da mortalidade infantil.

A pobreza extrema, disse Machinea, ainda é muito alta na maioria dos países da região, onde 222 milhões de pessoas estão em condições de pobreza e 96 milhões, ou 18,6% de latino-americanos e caribenhos, estão em situação de indigência.

Brasil pode cumprir meta se mantiver políticas sociais

Um estudo de 12 agências da ONU sobre o cumprimento das Metas do Milênio na América Latina e no Caribe, que será apresentado hoje na reunião dos chefes de Estado, afirma que até o momento somente o Chile conseguiu reduzir a pobreza à metade.

Segundo o documento, ¿há possibilidades¿ de que Brasil, Costa Rica, México, Panamá e Paraguai cumpram o objetivo em 2015 se persistirem em suas políticas sociais. Machinea advertiu, porém, que os demais países da região não conseguirão fazê-lo, porque ¿os avanços foram escassos ou houve retrocessos¿.

As nações com mais obstáculos para cumprirem a meta são Guatemala, Nicarágua, Honduras, Paraguai e Suriname, devido aos graves problemas de desigualdade. O estudo afirma que América Latina e Caribe formam a região mais desigual do mundo.

A Cepal afirma que a única maneira de reduzir a pobreza à metade até 2015 é atingir um crescimento econômico sustentável anual de 2,9% por habitante. Mas, no caso dos países mais pobres, essa expansão teria de ser de 4,4%.