Título: TURISMO NO EPICENTRO DO HORROR
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 31/07/2005, O Mundo, p. 39

Tragédia leva à cidade nove milhões de visitantes por ano

HIROSHIMA, Japão. Passear pelas ruas de Hiroshima hoje ¿ 60 anos depois da tragédia que matou 140 mil pessoas e deixou cicatrizes eternas em outros 60 mil, numa população de 400 mil ¿ é nunca esquecer o passado. Apesar de rica e moderna com seus 1,1 milhão de habitantes circulando em bem cuidadas ruas e avenidas, os monumentos às vítimas do terror atômico estão em todos os lugares. Dos pilares de concreto imitando bombas fincadas no chão em frente ao aeroporto ao intrigante Parque Memorial da Paz de Hiroshima, tudo é, ao mesmo tempo, beleza e inquietação.

A cidade aprendeu a ganhar com a dor. Os 400 hotéis recebem anualmente quase nove milhões de turistas que vêm, na sua maioria, conhecer a triste história de Hiroshima.

¿ Não é nosso objetivo fazer um turismo da paz, mas é certo que muita gente vem aqui conhecer a história da bomba e nós achamos isso muito positivo ¿ diz Yoshihisa Terada, chefe da Divisão de Relações Comunitárias da prefeitura.

Pode ser. Mas o fato é que a cidade tem uma infra-estrutura sobre a guerra e a bomba atômica de deixar de queixo caído turistas, pesquisadores e jornalistas. Uma organização privada, a Comissão Cinematográfica de Hiroshima, ajuda quem quer se aprofundar na história da bomba sugerindo fontes de pesquisa e até sobreviventes, que por US$55, a título de ajuda de custo, dão seus depoimentos.

O centro da cidade dos anos 40 foi reconstruído em escala diminuta antes e depois da bomba para que o visitante tenha a exata noção da devastação. No parque localiza-se o Cenotáfio, espécie de cripta com as cinzas dos mortos não identificados. Esta casa será o ponto central da cerimônia de sábado. (G.S.)