Título: VAREJO FATURA COM PREÇO BAIXO
Autor: Luciana Rodrigues/Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 30/07/2005, Economia, p. 25

Fecomércio-RJ estima alta na receita graças ao maior poder de compra do consumidor

Não é só para o consumidor que o dólar baixo tem sido vantajoso na hora das compras. Também para os comerciantes os preços mais baixos de alimentos, eletrodomésticos e produtos de higiene e limpeza - itens afetados diretamente pelo câmbio - representaram ganhos maiores. Pesquisa feita pelo Instituto Fecomércio-RJ estima que, em junho, o faturamento dos supermercados cresceu 3,10% e das redes de eletrodomésticos, 1,72%. Os empresários esperam ter fechado julho com um resultado no mínimo 10% melhor.

Na avaliação da Fecomércio-RJ, o bom desempenho das vendas é reflexo direto da queda do dólar. Com os preços mais baixos, os consumidores conseguiram ter uma folga no orçamento e, assim, encher mais o carrinho de compras.

- Houve aumento no volume de vendas, o que compensou a queda de preços, levando a um faturamento maior - explica João Carlos Gomes, economista da Fecomércio-RJ.

78% dos mercados esperam faturar mais

A Fecomércio-RJ entrevistou no início de julho três mil empresários fluminenses de todos os ramos do varejo e constatou que, entre os supermercados, 78,62% esperavam ampliar o faturamento em julho. Entre as redes de eletrodomésticos, 70,60% projetavam receita maior. Também não é para menos: os preços nestes setores só faz cair, enquanto cresce a renda dos trabalhadores e a oferta de crédito está em franca expansão.

Entre meados de junho e meados de julho, os preços de alimentos e bebidas caíram 0,84%, enquanto os itens de TV, som e informática tiveram queda média de 0,25%.

A aposentada Iolanda Souza percebeu a queda de preços nas prateleiras dos supermercados. Em suas contas, artigos como feijão e leite, por exemplo, nas últimas semanas. Com isso, diz, seu poder de compra aumentou, já que ela gasta, por mês, de R$200 a R$300.

- Faço pesquisas de preços e notei essa queda. Assim está ótimo, pois eu compro mais, por menos. Com isso, naturalmente, o supermercado deve vender mais.

Até maio (último dado disponível pela pesquisa do IBGE), as vendas dos supermercados haviam crescido 3,34%. Já no comércio de móveis e eletrodomésticos, a alta foi de 19,31%. Os analistas acreditam que o desempenho deve continuar positivo nos próximos meses.

- Houve uma recuperação de emprego e de salário desde 2003 que ainda não se refletiu integralmente nos setores de bens não-duráveis (como alimentos) - diz a economista Giovanna Rocca, do Unibanco.

Para Genival de Souza, diretor do Prezunic, as vendas da rede vêm crescendo nos últimos meses e a previsão é de aumento até o fim do ano. Resultado, afirma, de queda nos preços graças ao dólar mais barato, de produtos em safra e de promoções:

- Mas tivemos que reduzir nossa margem de lucro. Caso contrário, não teríamos preços tão competitivos.

Giovanna, do Unibanco, acrescenta que, no caso dos bens duráveis (como eletrodomésticos), mesmo com a alta dos juros básicos da economia não houve um freio nas vendas do comércio. Ela lembra que as taxas para o consumidor subiram muito pouco e há uma ampla oferta de crédito. Segundo a última pesquisa do Banco Central (BC), a taxa média para pessoa física recuou de 65,7% ao ano em maio para 64,7% em junho. E o volume de crédito cresceu 37% em relação a junho do ano passado.