Título: MERCADO ENCERRA SEMANA EM CLIMA DE CALMARIA
Autor: Paula Dias
Fonte: O Globo, 30/07/2005, Economia, p. 27

Bolsa acumula alta de 6,89% e dólar, queda de 0,75%. Investidor ignora crise e volta atenção para dados econômicos

SÃO PAULO. Já sem qualquer sinal de estresse com a crise política, o mercado financeiro encerrou a semana em clima de calmaria. Não houve nem mesmo o nervosismo que vinha sendo típico das sextas-feiras desde o início do escândalo do mensalão, causado pela preocupação dos investidores com possíveis novas revelações na imprensa no fim de semana. Depois de três dias de fortes altas, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em pequena baixa, de 0,10%, atribuída a um discreto movimento de embolso de lucros. Já o dólar fechou em queda de 1,12%, a R$2,380.

A Bolsa encerrou a semana com alta de 6,89% e o mês, com ganho de 4,16%. Segundo Luiz Roberto Monteiro, consultor de investimentos da corretora Souza Barros, a correção de ontem da Bovespa foi considerada normal, depois da alta de 6% em três dias. A queda não foi maior porque as ações do setor elétrico mantiveram o bom desempenho dos últimos dias e compensaram as perdas de outros setores. O Índice de Energia Elétrica (IEE) fechou em alta de 1,80%.

Na segunda-feira, a Bovespa despencou 3,39%, a terceira maior queda do ano, devido à intensificação das especulações em relação ao cenário político. Mas a constatação de que os investidores estrangeiro não saíram do mercado brasileiro mesmo nos momentos mais críticos trouxe de volta o aplicador doméstico. Com isso, a bolsa paulista teve fôlego para uma forte recuperação.

Risco-Brasil registrou baixa de 3,60% na semana

O dólar acumulou na semana baixa de 0,75%. No mês, no entanto, registrou alta de 1,97%. Ontem, além da falta de novas notícias na crise política, o mercado de câmbio foi influenciado pelos dados econômicos, que até então vinham sendo colocados em segundo plano pelos investidores domésticos.

- Uma das notícias que tiveram melhor repercussão foi a de que o Tesouro Nacional vai amortizar parte da dívida externa, o que reduz a vulnerabilidade do país. Mas o ingresso de recursos externos também teve importância, ao lado da melhora do cenário político - disse Mário Battistel, diretor de Câmbio da corretora Novação.

Os ajustes para a virada do mês no mercado futuro de câmbio, em que os investidores negociam contratos com projeções para o dólar, aumentaram muito de volume na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), que ficou perto dos US$3 bilhões. Já as projeções dos juros negociados na BM&F fecharam perto da estabilidade, com leve indicação de alta. O principal destaque da semana foi a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na quinta-feira, que mostrou um Banco Central otimista em relação à inflação. A ata não deu, porém, indicações mais claras de quando os juros básicos (Taxa Selic) começarão a cair, como esperava o mercado.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em outubro fechou com taxa de 19,59% ao ano, contra 19,58% do fechamento de quinta-feira. O DI que vence em janeiro de 2006 teve a taxa elevada de 19,08% para 19,11% anuais. A taxa de janeiro de 2007 foi ajustada de 17,93% para 17,94% anuais. A Selic é hoje de 19,75% ao ano.

O risco-Brasil, que mede a confiança dos investidores estrangeiros no país, caiu 1,47% no dia e 3,60% na semana, para 402 pontos centesimais.

INCLUI QUADRO: A EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES / O DÓLAR NO MÊS