Título: BUSH NOMEIA DIRETOR PARA TRANSIÇÃO POLÍTICA EM CUBA DEPOIS DE FIDEL
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Fonte: O Globo, 30/07/2005, O Mundo/ Ciencia e Vida, p. 36

Comissão tem como função transformar a ilha em país democrático

WASHINGTON. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, nomeou na noite de quinta-feira o chefe de um setor do Departamento de Estado voltado exclusivamente para fazer de Cuba um país democrático. A medida foi considerada um passo importante na estratégia americana para o futuro da ilha caribenha depois da morte do ditador Fidel Castro, que completará 79 anos mês que vem.

O deputado do Partido Republicano Caleb McCarry foi escolhido para a chefia da Comissão para Assistência a uma Cuba Livre e foi empossado quinta-feira à noite numa cerimônia que teve a participação da secretária de Estado, Condoleezza Rice. A comissão fora criada ano passado pelo então secretário Colin Powell. McCarry será responsável por coordenar um plano de transição do atual governo comunista de Cuba para uma sociedade aberta.

- Viva Cuba livre! - exclamou McCarry, ao aceitar o cargo ao lado de Condoleezza.

O governo de Cuba disse que a criação da comissão e o plano de transição demonstram a intenção da Casa Branca de derrubar Fidel Castro e destruir o sistema social do país.

No início da semana, o próprio Fidel fez críticas ao plano americano, chamando-o de "projeto macabro". Segundo o presidente cubano, as propostas de alfabetização e vacinação contidas nas partes do plano de transição que já se tornaram públicas são ridículas, pois os programas cubanos nas áreas de educação e saúde seriam superiores aos dos EUA.

McCarry foi o diretor da equipe de assistentes do Subcomitê do Hemisfério Ocidental (como Washington se refere ao continente americano) da Câmara dos Representantes dos EUA. Ele era um aliado da deputada cubano-americana Ileana Ros-Lehtinen, uma das maiores defensoras no Congresso das sanções econômicas dos Estados Unidos contra Cuba.

Ultraconservador deixa departamento das Américas

Num movimento que pode ter implicações na política externa americana em relação a Cuba e também à Venezuela, a diplomacia americana confirmou ontem que o subsecretário de Estado para o continente americano, Roger Noriega, renunciou ao cargo. De acordo com o porta-voz do do Departamento de Estado, Sean McCormack, Noriega está deixando o emprego para trabalhar na iniciativa privada.

Segundo especialistas, um dos motivos para a saída de Noriega pode ter sido facilitar contatos principalmente com o governo da Venezuela, já que a tática de enfrentamento público com o presidente Hugo Chávez não tem dado resultado e poderia até mesmo ter aumentado sua credibilidade diante do povo venezuelano. O próprio Noriega já reconhecera que estava ficando cada vez mais difícil não apenas negociar com o governo da Venezuela, mas até mesmo entrar em contato com altos funcionários de Caracas.

Noriega é considerado um ultraconservador que, enquanto era assessor do senador Jesse Helms, ajudou a redigir a lei Helms-Burton, que reforçou o embargo econômico a Cuba em 1996.

Em Washington se comenta que o substituto de Noriega poderia ser Thomas Shannon, um diplomata de carreira que é assessor do Conselho de Segurança Nacional (CSN), especializado no continente americano. Neste órgão trabalhou diretamente com Condoleezza, que até ano passado era chefe do departamento.