Título: PRESO MAIS UM POR VENDA DE MUNIÇÃO
Autor: Gustavo Goulart
Fonte: O Globo, 01/08/2005, Rio, p. 10

Policial Ovídio Lorenzo trabalhava no depósito de armas da Polícia Civil

Mais um policial civil foi preso acusado de envolvimento no esquema de vendas de armas e munições para traficantes do Morro do Turano, no Rio Comprido. Ovídio Lorenzo foi detido, na sexta-feira, na casa onde mora, no Centro, por policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA). Ele é o sexto policial preso na Operação Java, desencadeada há três meses, para punir quem está envolvido com o crime.

As investigações que levaram à prisão de Ovídio Lorenzo, que trabalhava no depósito de armas e munições da Polícia Civil, incluíram escutas telefônicas e filmagens.

No mês passado, quatro mil balas, duas granadas e seis armas foram apreendidas numa ação na qual cinco policiais ¿ três civis e dois militares ¿ também foram presos. Eles são acusados de participar do esquema e há ainda a suspeita de que tenham desviado os projéteis do 6º BPM (Tijuca).

Segurança indicava lojas para serem assaltadas

As duas primeiras pessoas detidas na Operação Java foram o sargento José Carlos Rodrigues Barcellos e o traficante Cláudio Fontes, que fazia o elo entre os policiais o chefe do tráfico do Turano, Luiz Cláudio da Silva Mello. Além dos policiais, também integravam a quadrilha Nery Rossi, dono de uma loja de armas, no Centro; o segurança particular Fernando Costa Santos e o inspetor Hélio Scielzo Brunnet, responsável pelo depósito da Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos (Dfae).

Nas gravações telefônicas feitas pela polícia, o dono da loja negociava com o sargento Barcellos a venda de armas e munições de calibre 45, 380 e de 9 milímetros, como se fossem legumes. Em outra interceptação, o sargento negociava a comercialização dos projéteis e pistolas com o traficante Cláudio Fontes.

As investigações feitas pela DRFA mostraram que o segurança Fernando Costa Santos também orientava bandidos sobre estabelecimentos que deveriam ser roubados na região onde ele trabalhava, na Tijuca. Duas gravações feitas pela polícia mostram Santos acertando os detalhes do assalto com um bandido, identificado como Andinho. A segunda, feita após o assalto, mostra os dois comemorando a ação.