Título: COMEÇA A CAMPANHA DO DESARMAMENTO
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 02/08/2005, O País, p. 14

No dia 11, Rio sediará showmício a favor da proibição da venda de armas

CAMPINAS. A campanha pelo sim no referendo do desarmamento foi lançada ontem em Campinas, considerada uma das cidades mais violentas do país. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), liderou o ato, que teve cerca de 300 participantes, entre prefeitos, vereadores e ativistas. O primeiro grande evento da campanha, um showmício no Rio, está previsto para o dia 11. O referendo está marcado para o dia 23 de outubro e custará cerca de R$210 milhões.

¿ São 50 mil assassinatos com armas de fogo por ano no Brasil. Com o sim, pelo menos o crime imotivado vai diminuir. Agora, no dia 23, o país vai decidir, na verdade, é que tipo de sociedade ele quer ¿ afirmou Calheiros, depois de lembrar que o Brasil tem 2,78% da população mundial e registra anualmente quase 13% dos crimes no planeta.

O representante do Viva Rio, Rubem Cesar Fernandes, lembrou que a campanha não tem dinheiro, estrutura material, nem publicitários e frisou que o movimento só poderá contar com o apoio popular:

¿ É como no combate à dengue, com todo mundo correndo atrás dos mosquitos.

¿ É mesmo uma epidemia e o sim será a primeira vacina ¿ completou o prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira (PDT).

Segundo Calheiros, a partir de Campinas, a campanha ganhará mais amplitude.

¿A campanha não tem dono ou partido. A partir de agora, esperamos ter resultados muito satisfatórios no referendo.

Para o representante da ONG Sou da Paz, Denis Mizne, o desarmamento não resolverá a violência, mas funcionará como um recado claro de que a sociedade está atenta e mobilizada.

¿Nossa idéia é atrair agências, pessoas que doem idéias, trabalho, empresas que cedam folhetos, outdoors, tudo o que for possível ¿ disse Mizne.

Propaganda gratuita começa em 23 de setembro

Mesmo sem verbas para a propaganda gratuita em rádio e TV, que começa em 23 de setembro, a campanha pelo sim começa a articular doações de agências de publicidade, gravadoras e participações de artistas. Segundo as normas do Tribunal Superior Eleitoral, cada campanha ¿ a do sim e a do não ¿ terá o mesmo tempo de propaganda. Amanhã, a Frente Parlamentar Por Um Brasil Sem Armas se reunirá em Brasília, para tentar fechar os apoios.

A idéia de usar Campinas para lançar a campanha foi considerada estratégica por diversos motivos. A Região Metropolitana de São Paulo tem 1.597.095 eleitores, 41,3% deles (700 mil) em Campinas. Além disso, a cidade é considerada um termômetro mercadológico, servindo de base de testes para o lançamento de produtos.