Título: Economistas ortodoxos agora defendem controle
Autor: Aguinaldo Novo e Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 02/08/2005, Economia, p. 23

Medidas eram associadas à esquerda

A defesa de controles de capitais sempre esteve associada a economistas de esquerda, que vêem nesses mecanismos um instrumento eficaz para reduzir a fragilidade externa de economias emergentes. Mas, recentemente, economistas ortodoxos e de tendência neoliberal têm apoiado as restrições aos capitais de curto prazo.

No mês passado, em entrevista ao GLOBO, o americano John Williamson ¿ considerado o pai do Consenso de Washington, conjunto de reformas recomendadas pelos neoliberais aos países da América Latina nos anos 90 ¿ defendeu a cobrança de uma taxa sobre capitais de curto prazo, que poderia ser descontada do imposto de renda das empresas, evitando assim punir o investimento produtivo.

O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore também vem defendendo a taxação no ingresso de capitais de curto prazo, com a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

O próprio deputado Delfim Netto, do Partido Progressista (PP), quando foi ministro da Fazenda no início da década de 70 (no governo Médici) impôs uma quarentena para 25% do que era aplicado no país. O objetivo, na época, era reduzir o ingresso de recursos e ajudar no controle da inflação. (Luciana Rodrigues)