Título: REI SAUDITA MORRE E IRMÃO ASSUME
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Fonte: O Globo, 02/08/2005, O Mundo, p. 30

Novo monarca já conduzia o país e deve manter boas relações com EUA

RIAD. O rei Fahd da Arábia Saudita morreu ontem, aos 82 anos, depois de liderar por 23 o país que mais exporta petróleo no mundo. Seu meio-irmão Abdullah ¿ que já assumira as funções de governante depois de Fahd sofrer um derrame cerebral, em 1995 ¿ foi proclamado rei, aos 80 anos. Ele manteve todos os membros do Gabinete e deverá dar prosseguimento à política de proximidade com o Ocidente. Seu país é um forte e estratégico aliado dos EUA.

Embora não esperem grandes mudanças, analistas disseram que o maior desafio de Abdullah será implementar reformas políticas e manter a luta contra a rede terrorista al-Qaeda, que há dois anos faz uma violenta campanha para derrubar a família real saudita.

Líderes do mundo inteiro enviaram mensagens de pesar à Arábia Saudita. Vários países árabes decretaram luto oficial. O presidente George W. Bush disse que a ¿íntima parceria¿ com os sauditas vai continuar.

¿ Desejamos à Arábia Saudita paz e prosperidade sob sua liderança ¿ disse Bush, referindo-se a Abdullah, que chamou de ¿meu amigo¿.

Líderes de vários países acompanharão funeral

O presidente da França, Jacques Chirac, disse que Fahd ¿garantiu a integridade de seu país e defendeu a estabilidade regional¿. Já o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, elogiou sua ¿grande visão e liderança¿.

O preço do barril de petróleo chegou ontem a US$61, mas autoriadades sauditas disseram que será mantida a política de assegurar preços estáveis.

Com a saúde debilitada há anos, Fahd estava hospitalizado desde 27 de maio, devido a uma pneumonia aguda. Ele será enterrado hoje numa sepultura simples, de acordo com a austera tradição islâmica de seu país. Líderes árabes e ocidentais acompanharão o funeral, entre eles o príncipe Charles. Amanhã, os sauditas vão jurar obediência ao novo monarca.

Fahd subiu ao trono em 1982, no auge dos petrodólares sauditas, e com boa reputação de administrador e diplomata. No mesmo ano, a Liga Árabe aprovou um plano de paz para o Oriente Médio que ele apresentara. Em 2002, esse plano foi reavivado por Abdullah como uma oferta de paz com Israel em troca da devolução de terras árabes ocupadas.

As ligações de Fahd com Washington e sua decisão, em 1990, de permitir a presença de forças americanas em território saudita enfureceram o saudita Osama bin Laden. Mas as tropas continuaram no país até os EUA invadirem o Iraque, em 2003.

Versos do Alcorão ecoaram ontem em mesquitas, rádios e TVs, mas o comércio permaneceu aberto, num sinal de que os sauditas já esperavam há muito tempo a morte de Fahd.

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