Título: Secretário-executivo de Ciro aparece na lista
Autor: Gerson Camarotti e Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 03/08/2005, O País, p. 11

PTB, que apoiou candidatura do ministro à Presidência, diz ter pagado dívidas com R$457 mil recebidos da SMP&B

BRASÍLIA. Dívidas da campanha presidencial de 2002 do atual ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, foram pagas com recursos das empresas do publicitário Marcos Valério. Márcio Lacerda, secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, pediu afastamento do cargo ontem, depois de divulgada a informação de que ele sacou R$457 mil das contas das agências de publicidade de Valério.

Nome de Lacerda está na lista entregue pela SMP&B

Lacerda negou ter recebido o dinheiro, mas o repasse foi confirmado ontem pela direção do PTB, depois da divulgação de lista de saques elaborada pelo próprio Marcos Valério e entregue à Polícia Federal pela diretora financeira da agência SMP&B, Simone Vasconcelos. O partido disse ter recebido o dinheiro e repassado para a campanha de Ciro. Na eleição presidencial, o PTB estava coligado ao PPS, partido pelo qual Ciro Gomes concorreu à Presidência. A liberação dos recursos para a campanha de Ciro acabou provocando mais uma baixa no governo.

Procurado ontem, o ministro Ciro Gomes não deu explicações. Em nota, o Ministério da Integração Nacional se restringiu a anunciar o afastamento do secretário-executivo.

Ciro diz acreditar na inocência do secretário

O Ministério da Integração informou que Lacerda solicitou seu afastamento para evitar envolver o ministério e o ministro Ciro Gomes no escândalo do esquema de pagamentos a políticos e parlamentares feitos com dinheiro das contas do empresário Marcos Valério. Lacerda foi um dos arrecadadores de dinheiro da campanha presidencial de Ciro.

¿O secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional negou ao ministro Ciro Gomes ter recebido qualquer recurso financeiro (de Marcos Valério)¿, informa a nota. Segundo o texto da assessoria de imprensa do ministério, Lacerda solicitou seu afastamento porque não deseja que ¿essa suspeição infundada, contra ele assacada, prejudique a instituição¿.

A nota diz ainda que ¿o ministro Ciro Gomes aceitou o pedido, presume a inocência do secretário-executivo e ajudará para que todos esses fatos sejam totalmente esclarecidos no mais breve espaço de tempo possível¿.