Título: PF E PROMOTORIA VÃO INVESTIGAR CLÉSIO
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 03/08/2005, O País, p. 16

Vice-governador é suspeito de participação nos contratos de empresário

A Polícia Federal e o Ministério Público decidiram investigar a suposta participação do atual vice-governador mineiro, Clésio Soares de Andrade, nos contratos das empresas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza que tiveram o aval do Banco Rural e do governo de Minas Gerais. Uma das transações que passará agora por pente-fino aconteceu em 1996: Clésio é suspeito de ter usado a fazenda Santa Rosa, na época de propriedade do seu pai ¿ o motorista aposentado Oscar Soares Andrade ¿ para pagar uma dívida de R$1.854.902,72 que a SMP&B tinha com o extinto Banco Credireal.

Venda de fazenda para SMP&B será investigada

Com pouco mais de 500 hectares, a fazenda Santa Rosa está localizada no distrito de Silva Campos, no município de Pompeu, a cerca de 300 quilômetros de Belo Horizonte. Em 1996, segundo agentes da PF e promotores, a avaliação da propriedade não passava de R$140 mil. Depois que a dívida da SMP&B foi quitada, Clésio acabou associando-se ao empresário Marcos Valério na SMP&B (constituída em 1996), através da empresa C.S. Andrade Participações S/A (hoje Holding Brasil S/A) pertencente ao vice-governador.

Clésio deverá ser chamado para prestar depoimento, assim como o empresário Marcos Valério, que já foi citado e deverá comparecer à PF para dar explicações. A PF já pediu ao Banco Rural todos os contratos celebrados pela instituição com as empresas do publicitário.

Procurado pelo GLOBO, o vice-governador negou envolvimento no caso. Explicou, através de sua assessoria, que a fazenda Santa Rosa foi vendida para a empresa SMP&B. Clésio acusou o empresário Marcos Valério de ter participado da transação, iludindo seu pai. ¿Conforme informação de meu pai, a venda foi efetuada por R$240 mil¿. Informou ainda que na época, ¿o pai deu uma procuração autorizando escritura pública, a pedido do senhor Marcos Valério¿. O vice-governador disse ainda que ¿meu pai, na boa-fé, deu uma procuração para que a escritura pública fosse feita posteriormente¿.