Título: ONU: EUA CRITICAM PRESSÃO DO G-4
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 03/08/2005, O Mundo, p. 33

Novo embaixador americano nas Nações Unidas apresenta credenciais

NOVA YORK. O novo embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, nomeado à revelia do Senado pelo presidente George Bush, apresentou ontem discretamente suas credenciais ao secretário-geral Kofi Annan, mas sua vice fez um discurso violentíssimo contra o projeto de reforma das Nações Unidas. Num tom nada diplomático, a embaixadora Anne Patterson instou os países do G-4, da União Africana e do grupo Unidos pelo Consenso a pararem de fazer pressão para levar à votação suas propostas para a ampliação do Conselho de Segurança e passarem a concentrar a atenção nas reformas consideradas mais urgentes pelos Estados Unidos.

¿ O debate do Conselho de Segurança está dispersando os recursos e a atenção que deveriam estar voltadas para reformas mais críticas para a ONU ¿ disse Patterson.

A posição dos EUA vai contra a vontade já expressa por pelo menos 150 países a favor da reforma do Conselho de Segurança. Só as propostas do G-4, grupo que reúne Brasil, Índia, Japão e Alemanha, e da União Africana são patrocinadas por 87 nações. O projeto do Unidos pelo Consenso foi assinado por mais 20 países e, apesar de radicalmente diferente dos outros dois, também propõe a ampliação do fórum de maior poder na ONU.

¿ Ela está abrindo caminho para a linha dura do Bolton ¿ analisou um diplomata.

Numa afirmação da política desenhada pelo governo Bush para a ONU, a embaixadora deixou claro que só as reformas de interesse dos EUA serão aprovadas pelo Congresso americano, numa sinalização de que pode vetar as propostas aprovadas pela Assembléia-Geral. Enumerou os vários pontos com os quais os EUA não concordam, entre eles a ênfase excessiva dada pelo projeto de reforma ao desarmamento das grandes potências e as medidas insuficientes para impedir a proliferação de armas nucleares.