Título: NO CAMINHO CERTO
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Fonte: O Globo, 04/08/2005, Opinião, p. 6

Quando se fala do Bolsa Família, é preciso analisar o contexto da complexidade de sua implantação. O Bolsa Família é o maior programa de transferência condicionada de renda e, diante dessa magnitude, é necessário considerar as variáveis que o compõem. Afinal, o Brasil é país continental e desigual, o que pressupõe respeito à diversidade; é um país federativo, o que demanda construção de consensos entre governos.

Quando o governo lançou o programa, decidiu que, ao lado da incorporação de novas famílias, continuaria pagando benefícios de Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio Gás e Cartão Alimentação até a plena integração dos programas. Essa opção preservou direitos das famílias, mas agregou complexidade ao Bolsa Família.

O ano de 2003 foi marcado pela formalização do programa; 2004, por sua ampla expansão; 2005 o será pelo aperfeiçoamento da gestão. Criamos a Rede Pública de Fiscalização e ampliamos o controle social; implementamos mecanismos de avaliação do cadastro e de comparação com outras bases de dados; construímos sistemas que conferem maior racionalidade e transparência ao programa, como a gestão descentralizada de benefícios. O ministério está apoiando a atualização cadastral em todo o país. Hoje, mais de 160 mil escolas estão informando freqüência de beneficiários. São 80% das escolas, percentual quatro vezes superior ao melhor resultado obtido pelo Bolsa Escola.

Ao permitir que as famílias tenham acesso à renda e, por meio dela, à alimentação, com acompanhamento de saúde e educação, o Bolsa Família é poderoso instrumento para alívio imediato da pobreza e terá impacto nas próximas gerações das famílias hoje atendidas. Os resultados até aqui permitem afirmar que estamos no caminho certo.

ROSANI CUNHA é secretária de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.