Título: CHEFE DO BC VÊ SEMELHANÇAS ENTRE CASO PC E VALERIODUTO
Autor: Enio Vieira
Fonte: O Globo, 04/08/2005, O País, p. 10

BRASÍLIA. O chefe do Departamento de Combate a Ilícitos Financeiros e Supervisão de Câmbio e Capitais Internacionais (Decic) do Banco Central, Ricardo Liao, comparou ontem as investigações sobre o esquema PC Farias no governo Collor com os dados levantados até agora pela CPI dos Correios envolvendo Marcos Valério. Para ele, nos dois casos há dinheiro de campanha destinado a algumas pessoas. Na época do PC, acrescentou, os recursos passavam por contas fantasmas, agora foram usadas contas de agências de publicidade.

¿ Mudando a data-base não há muita diferença ¿ disse Liao, que participou de um seminário na Associação Brasileira de Bancos Estaduais e Regionais (Asbace).

Ele lembrou que a CPI do PC, em 1992, apurou envio de recursos ao exterior e evidências de contas fantasmas. Em outros episódios, investigados em CPIs posteriores, os esquemas financeiros evoluíram para laranjas. Segundo ele, investigações preliminares da CPI dos Correios apontam não para contas fantasmas ou laranjas, como no passado, mas para empresas testas-de-ferro, formalmente legais. Liao afirmou que mudanças podem ser feitas na parte de fiscalização e monitoramento de operações financeiras.

Semana passada, o presidente do BC, Henrique Meirelles, e o presidente das CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), disseram que o governo vai estudar formas de melhorar o sistema de fiscalização.

O Banco Central não pode investigar, mas apenas informar a outros órgãos as suspeitas e os indícios de irregularidades. Liao disse que poderiam ser detalhados os saques em espécie feitos, por exemplo, no Banco Rural e revelados até agora pela CPI.