Título: DINHEIRO DO PL ERA PARTE DO ACORDO DE 2002, DIZ LAMAS
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Fonte: O Globo, 04/08/2005, O País, p. 15

Repasse estaria ligado a apoio ao PT

BRASÍLIA. O ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas disse à Polícia Federal anteontem que o dinheiro que recebeu de Marcos Valério fazia parte de um acordo firmado entre o presidente do PL, ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), e o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, em 2002, na formalização da chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha presidencial de 2002.

Segundo Lamas, o acerto previa que o PT, através de Delúbio, pagaria despesas do PL de Valdemar na campanha eleitoral de 2002. Naquela eleição, o PL se coligou com o PT e o então senador José Alencar (PL-MG) ocupou a vaga de vice na chapa de Lula.

Lamas aparece como responsável pelo saque de R$2,4 milhões das contas de Marcos Valério, tendo contado com a ajuda de seu irmão, Antônio, num período de apenas cinco meses, entre setembro de 2003 e fevereiro de 2004. Contando recursos que teriam sido repassados através da empresa Guaranhuns Empreendimentos, conforme lista preparada pelo próprio Valério, Valdemar Costa Neto foi destinatário de R$10,8 milhões entre fevereiro de 2003 e agosto de 2004.

Valdemar renunciou ao cargo na última segunda-feira para escapar da cassação. Lamas disse à PF que foi Valdemar quem lhe contou que o dinheiro recebido de Marcos Valério tinha como origem um acordo firmado na campanha presidencial.

Lamas foi tesoureiro do PL até fevereiro, mas garantiu desconhecer a natureza das despesas contraídas pessoalmente por Valdemar em 2002, tampouco se Valdemar teria repassado parte dos recursos para outros membros do partido. Ele disse que os recursos recebidos do empresário não foram registrados na prestação de contas do PL.

Segundo ele, tudo começou em junho de 2003, quando Valdemar lhe avisou que seria procurado por alguém ligado a Delúbio. Lamas recebeu então um telefonema de Simone Vasconcelos e os dois teriam combinado um encontro num apartamento do Hotel Kubitschek Plaza. Daí em diante, os encontros em Brasília se sucederam em outros hotéis, na agência do Banco Rural ou no escritório da SMP&B.