Título: BRASIL FARÁ ACORDO COM ÍNDIA E ÁFRICA DO SUL
Autor: Luciana Rodrigues e Flávia Oliveira
Fonte: O Globo, 04/08/2005, Economia, p. 29

Países negociam livre comércio. Amorim: é preciso ser realista sobre a Alca

O Mercosul, a Índia e cinco países do Sul da África iniciaram negociações para um acordo de livre comércio. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, as reuniões ocorreram ontem e anteontem, aproveitando o seminário no Rio. Além das delegações de Índia e África do Sul (representando os cinco países africanos da Sacu, a união aduaneira com Botsuana, Namíbia, Lesoto e Suazilândia), participaram das conversas missões diplomáticas de nossos vizinhos do Mercosul.

O objetivo é aprofundar o tratado de preferência tarifária recém-assinado por esses países, que abrange um grupo restrito de produtos nos quais a redução das tarifas de importação nem sempre é integral. Já o acordo de livre comércio entre Mercosul, Índia e Sacu incluirá ao menos 80% do fluxo de bens entre esses países, cujas tarifas tenderiam a ser eliminadas.

¿ Mesmo que não seja para amanhã, mas para daqui a dez anos, esse acordo tem uma importância enorme ¿ disse Amorim.

A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com mais de um bilhão de habitantes. Sua economia deve crescer 7% em 2005 e a previsão para os próximos dez anos é de uma expansão média de 8% anuais. O país, entretanto, ainda é fechado a importações e só tem acordo de livre comércio com Cingapura.

¿ Em termos de população, será o maior acordo de livre comércio já realizado ¿ afirmou o diretor-geral do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, Regis Arslanian.

As negociações continuarão em outubro, num encontro na África do Sul ou na Índia. O grupo também concluiu ontem um acordo trilateral de transporte aéreo que, segundo Amorim, deve ampliar as freqüências de vôos entre as regiões sul de África, Ásia e América. O ministro destacou ontem que a prioridade do Brasil continua sendo buscar acordos com países em desenvolvimento, além de avançar nas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo ele, é preciso ser realista sobre a Alca.

¿ Se para um percentual tão pequeno de exportação, como é o caso do Cafta (acordo dos EUA com países da América Central e Caribe), houve tanta dificuldade de aprovação no Congresso (americano), imagina como será com a produtividade brasileira e dos outros países do Mercosul. (Luciana Rodrigues)