Título: VARIG ADERE À CAMPANHA CONTRA ARMAS
Autor: Adriana Vasconcelos e Adriano Ceolin
Fonte: O Globo, 05/08/2005, O País, p. 14

Empresa pintará seus aviões com frases pelo voto sim no referendo

BRASÍLIA. Disposta a colaborar com a mobilização em favor do voto sim no referendo sobre o Desarmamento, a Varig planeja distribuir cartazes, folders e até mesmo pintar em seus aviões o slogan que criou para a campanha: ¿Dia 23 de outubro, embarque nesta idéia: diga sim¿.

¿ A Varig tem responsabilidade em relação à segurança das pessoas no ar, além de uma preocupação grande com a segurança em terra. Por isso, estamos nos comprometendo com uma campanha nobre contra a violência e pela paz no país ¿ justificou o presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn.

A Varig espera mobilizar seus 30 mil passageiros diários e os cinco milhões de clientes Smiles, que serão informados da campanha por e-mail. No material de divulgação, a Varig deverá ressaltar que existem 17 milhões de armas em circulação no país, sendo 90% clandestinas, e que, a cada ano, 50 mil pessoas morrem no Brasil vítimas de armas de fogo.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comemorou a iniciativa da Varig e disse esperar que outras empresas também se engajem:

¿ É uma coisa pioneira o que estamos vendo. Tenho absoluta certeza que isso estimulará outras empresas.

A Varig também ganhou elogios da presidente do Grupo Convive de Brasília, Valéria Velasco, representante das famílias vítimas de violência:

¿ Essa é uma postura patriótica. Temos orgulho de ver uma empresa cidadã como esta.

Mas integrantes da bancada da bala trabalham para dificultar o referendo. Ontem, o deputado Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a cassação da Frente Parlamentar por Um Brasil Sem Armas. Ele alega que parlamentares da frente usaram imóvel e dinheiro público ao lançar a campanha pelo sim num prédio da prefeitura de Campinas.

¿ Todos sabem que isso é irregular. Eles vão ter de fazer outra frente ¿ disse Fleury.

Fleury baseia-se na Lei Eleitoral, que veda aos agentes públicos a cessão ou uso, "em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos estados, do Distrito Federal, dos territórios e dos municípios".

Jungmann lembra que grupo foi convidado pelo prefeito

Integrante da frente, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) minimizou a representação de Fleury e argumentou que o grupo não usou prédios públicos.

¿ Fomos convidados pela prefeitura de Campinas. Não há irregularidade. Fleury está tentando uma estratégia de fazer notícia ¿ disse Jungmann.

(*) Do Globo Online