Título: EXPORTAÇÃO FAZ INDÚSTRIA VENDER 1,53% MAIS
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 05/08/2005, Economia, p. 25

CNI revela ainda que houve pequeno avanço no emprego em junho e economista alerta para ritmo mais lento

BRASÍLIA. A atividade industrial voltou a crescer em junho graças ao desempenho das exportações. Segundo pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), as vendas tiveram alta de 1,53% em relação a maio e as horas trabalhadas subiram 0,68%. Os resultados também foram positivos para o trabalhador. O emprego industrial cresceu 0,08% e a massa salarial, 0,60%. Já a utilização da capacidade instalada avançou ¿ 0,7 ponto percentual ¿ ficando em 82,6% em junho.

No entanto, apesar do resultado positivo, a pesquisa Indicadores Industriais da CNI adverte que o ritmo de crescimento no setor é pequeno.

¿ Como a magnitude do crescimento é moderada, a indústria está se adaptando às condições vigentes (da economia) e a um novo ritmo de expansão ¿ disse o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

Esse ritmo, diz a pesquisa, é importante contraponto à tendência de queda da atividade industrial verificada no fim de 2004 e início de 2005. As vendas reais, por exemplo, cresceram 1,53% no segundo trimestre de 2005 sobre o primeiro trimestre do ano. No primeiro trimestre, esse indicador apresentara queda de 1,39% em relação aos últimos três meses de 2004.

CNI: exportações refletem preço alto e contrato antigo

No acumulado do ano, as vendas industriais apresentam expansão de 4,5% em relação a 2004. Já as horas trabalhadas subiram 7,21%; o emprego industrial, 6,36%; e os salários, 8,96%, na mesma comparação.

Sobre o grau de utilização da capacidade instalada, o coordenador da CNI disse que, apesar do crescimento, não há risco de as empresas atingirem seu limite máximo de produção, o que prejudicaria o crescimento da economia.

¿ A capacidade instalada caiu nos últimos meses e agora está subindo. Portanto, não há risco para o crescimento ¿ disse ele.

Castelo Branco brincou ao comentar o fato de as exportações estarem mantendo o ritmo de crescimento, a despeito do câmbio desfavorável. Segundo ele, esse ¿talvez seja o maior enigma da economia brasileira¿.

Economista: crise não atingiu cotidiano das empresas

O coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI disse, porém, que um dos elementos que pode explicar esse resultado das vendas externas é o fato de que as empresas exportadoras estão cumprindo contratos fechados há meses. Outro fator é a valorização de alguns produtos no mercado externo, o que compensa a desvalorização cambial.

O economista da CNI afirmou também que a crise política ainda não atingiu o cotidiano da empresas. Mas destacou que existe o risco de as expectativas serem afetadas, o que pode prejudicar futuros investimentos no mercado brasileiro.

-¿ O receio é que se tenha contaminação via expectativas, o que pode afetar decisões sobre investimentos ¿ disse Castelo Branco.