Título: Desculpas discretas por atrocidades
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 05/08/2005, O Mundo, p. 29

Japão envia mensagem a vizinhos

PEQUIM. O Parlamento japonês aprovou uma mensagem em que lamenta o passado belicista do país, mas sem mencionar as agressões do Exército Imperial ao ocupar a China, a partir de 1937, e outros de seus vizinhos na Segunda Guerra Mundial.

Às vésperas do 60º aniversário da rendição oficial do Japão, em 2 de setembro, o país repete o padrão de desculpas leves a seus vizinhos e a dificuldade de admitir as atrocidades que cometeu. Durante os anos de invasões, milhares de pessoas morreram.

Tornando a situação na região ainda mais difícil, deputados pediram ao primeiro-ministro Junichiro Koizumi que visite naquele dia o monumento aos mortos Yasukuni, onde estão enterrados também conhecidos criminosos de guerra japoneses.

Os jornais chineses e sul-coreanos lembraram que, ao se referir ao país, o Parlamento japonês desta vez não mencionou ¿atos de agressão¿ e ¿intenções colonialistas¿ como fizeram em mensagem aprovada há dez anos, por ocasião dos 50 anos do fim da guerra.

¿Lamentamos profundamente o tremendo sofrimento causado pelos atos de nosso país contra os povos asiáticos e outros países durante determinado período no passado. Oferecemos sinceramente renovadas condolências a todas as vítimas¿, diz a mensagem.

Na China, os jornais estatais aproveitaram a data para celebrar ¿o aniversário de 60 anos do fim da guerra antifascista¿. Em editorial assinado no ¿Diário do Povo¿, o governo afirma que o Japão infligiu à China perdas pesadas, como a morte de 35 milhões de pessoas durante os oito anos de ocupação de grande parte do país, além de US$600 bilhões em perdas econômicas diretas ¿ devido aos bombardeios ¿ e indiretas, devido à paralisação econômica. (G.S.J.)