Título: MILITARES DEVEM TER SOLDOS REAJUSTADOS EM 13%
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 06/08/2005, O País, p. 13

Percentual máximo fixado pela equipe econômica fica abaixo do reajuste reivindicado pela categoria, de 23%

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu ontem um reajuste de 13% para os militares. O presidente analisou a questão de manhã em reunião da Junta Orçamentária. Mas à noite ele teve outro encontro, desta vez com o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, para bater o martelo. Os militares queriam um total de 23%. Até as 21h, o Palácio do Planalto não se pronunciou sobre o assunto.

A equipe econômica argumentou que não tinha como dar um aumento maior do que os 13%. Em contrapartida, aceitou liberar recursos para as Forças Armadas. O Ministério do Planejamento repassará cerca de R$40 milhões para tratamentos de saúde e odontológico dos militares.

Ao ser perguntado se o reajuste era mesmo de 13%, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, apenas sorriu.

Possível acordo deixa José Alencar aliviado

No início da semana, Fazenda e Planejamento tinham oferecido um reajuste de 10% ou 11%, no máximo. Na quarta-feira, Lula pediu que eles analisassem novamente a questão para ver se era possível avançar um pouco mais no benefício. E, antes de viajar para Pernambuco e Piauí, combinou com José Alencar que resolveria o assunto na volta, o que ocorreu ontem.

Apesar de o reajuste ser bem menor do que o pedido pelos militares, Alencar tem comentado com interlocutores que estava aliviado por finalmente resolver esse problema, que se arrasta desde o início do ano.

O reajuste se transformou num problema para o governo nos últimos meses. Em setembro de 2004, o governo concedeu 10% de aumento para a categoria e o então ministro da Defesa José Viegas prometeu mais 23% esse ano, em março.

Em novembro, Viegas foi substituído pelo vice-presidente, que, inicialmente, disse que não tinha compromisso com a promessa feita por Viegas. Depois, ele começou a se empenhar pessoalmente junto à equipe econômica para a concessão de um aumento.

A demora do governo em resolver o assunto mobilizou até mesmo as mulheres dos militares. Elas se organizaram e passaram a protestar em frente ao Planalto e até em cerimônias realizadas por Lula no Itamaraty e em locais militares, como o QG do Exército.

Legenda da foto: JOSÉ ALENCAR, que se reuniu com Lula ontem para bater o martelo