Título: PRODUTOS MAIS ACESSÍVEIS EM BUTIQUES NOVAS
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 07/08/2005, Economia, p. 32

De setembro de 94 a julho, inflação das roupas foi de 45,70%

O encarecimento de algumas marcas abriu espaço para o surgimento de outras grifes, que passaram a atuar no vazio deixado pelas famosas. Ou seja: trazem preços mais acessíveis. É o caso de emergentes da moda como Espaço Fashion, Martinique e Via Milano.

Uma das queridinhas da nova leva é a Espaço Fashion, que surgiu na Babilônia Feira Hype há sete anos e parte para sua sétima loja. Para Bianca Bastos, sócia da loja, o crescimento não provocará aumentos.

¿ Qualidade e preço são nossa marca. E não vamos mudar isso. É o que o cliente busca na loja, principalmente o que vem de outras marcas.

Faz bem. Pesquisa do Programa de Administração de Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA), em parceria com o Canal Varejo, mostra o peso do preço na compra. Numa sondagem com 400 pessoas, 39% dos consumidores da classe A consideram muito importante o valor da peça. Na classe média, eram 44%; e na classe C, 74%.

¿ Mesmo na classe com maior poder de compra, o preço conta. Quando uma loja passa a cobrar mais caro pelos produtos, corre o risco de perder cliente ¿ disse o professor Claudio Felisoni, do Provar.

Diana Seara, sócia da Martinique, lembra que seus preços variavam, em 2000, de R$19 a R$59. Hoje, vão de R$29 a R$79. A peça mais cara, aliás, custa R$10 a menos do que se via em 2004.

¿ Mas a fidelidade do cliente não está apenas no preço. Em breve, vamos até oferecer serviços de entrega de peças reservadas em domicílio.

Encarecimento das grifes tem pouco peso na inflação

O economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas, lembra, no entanto, que o encarecimento das grifes não é um evento generalizado. E lembra: de setembro de 1994 a julho de 2005, o vestuário foi a categoria que teve o menor acúmulo da inflação: 45,70%. O grupo alimentos registrou 122,56%.

¿ Os aumentos mais fortes podem ter vindo porque houve melhoria de qualidade, novas tecnologias. E, por isso, a comparação acaba sendo feita com produtos diferentes.

A especialista em marketing Isabel Cerchiaro, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), diz que o aumento de preços não se justifica na inflação. Há grifes que notam a percepção do consumidor de que os produtos de qualidade aumentam o preço.

¿ O problema está em fixar o limite desse aumento e fechar a equação (a perda de cliente de poder aquisitivo menor deve compensar a entrada de consumidores com maior poder de compra). (F.R.)