Título: BRASIL AINDA ESTÁ LONGE DE SER PAÍS DA FOTOGRAFIA
Autor: Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 07/08/2005, Economia, p. 37

Apenas 35% dos domicílios brasileiros possuem uma câmera. Custo impede venda maior de máquinas digitais

O mercado fotográfico brasileiro revela duas imagens distintas do Brasil, que normalmente são vistas em indicadores bem mais sisudos. Apenas 35% dos domicílios têm uma câmera fotográfica, seja ela convencional ou digital, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Material Fotográfico e de Imagem (Abimfi). Há 22 milhões de câmeras tradicionais em uso e seis milhões de digitais. Mas o mercado de filmes vem encolhendo, porque quem tem poder aquisitivo está migrando para a tecnologia digital, e quem não tem está até deixando de fotografar no modo convencional.

Nos EUA e no Japão a tecnologia digital já divide o mercado (representa 51% das câmeras em uso). No Brasil o custo das digitais e a tecnologia necessária para armazenar e manipular imagens acabam sendo um empecilho ao acesso de classes de renda mais baixa.

A venda de filmes para câmeras convencionais despencou de 84 milhões de rolos em 2003 para 74 milhões em 2004, e deve recuar para 65 milhões este ano. Perdas que são compensadas pela impressão de fotos digitais. Inclusive porque muitos consumidores com salário mais baixo que conseguem comprar essas câmeras não têm computador para armazenar as fotos; por isso precisam imprimi-las.

¿ Se temos uma crise hoje, é do filme fotográfico. Algumas empresas acreditam que ainda há mercado nas classes C e D para a venda de câmeras convencionais. Mas a digital está ficando mais popular. A barreira está no uso do computador para armazenar e manusear as imagens ¿ argumenta Edmundo Salgado, diretor da Abimfi.

Segundo a associação, as vendas de câmeras com filme deverão cair de 2 milhões em 2004 para 1,5 milhão em 2005, e as digitais subirão de um milhão para 1,5 milhão. A contadora Rosana Sodré Pazolini é uma das que preferem a convencional, pois a revelação é mais barata:

¿ Em casa revelamos filmes semanalmente, e o custo da impressão digital ainda é muito alto. Gosto da fotografia convencional e ainda não me rendi aos modismos.