Título: BERZOINI SAI EM DEFESA DE JOSÉ DIRCEU NA REUNIÃO DA BANCADA
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 10/08/2005, O País, p. 3

`Ele não pode ser julgado liminarmente nem fuzilado a priori¿

BRASÍLIA. O secretário-geral do PT, Ricardo Berzoini (SP), saiu ontem em defesa do ex-ministro José Dirceu (PT-SP), muito criticado por ter impedido que o diretório nacional do partido aprovasse resolução retirando a legenda de parlamentares que renunciarem a seus mandatos para não responder a processo por quebra de decoro. Berzoini disse ainda que a renovação dos métodos de direção do partido está recebendo o apoio de todos os segmentos partidários, refutando que existam resistências dos aliados do antigo grupo dirigente do partido. Berzoini, ao lado do presidente do PT, Tarso Genro, participou ontem de reunião da bancada na Câmara na qual Dirceu, que estava presente, foi criticado pelos correligionários.

¿ O deputado José Dirceu não pode ser julgado liminarmente nem fuzilado a priori ¿ disse Berzoini.

No fim da reunião, Dirceu fez rápida intervenção, na qual não respondeu às críticas e nem deu qualquer esclarecimento, dizendo que a exemplo do que ocorreu no Conselho de Ética da Câmara, dará suas explicações em outras duas CPIs. Dirceu defendeu que o ex-tesoureiro Delúbio Soares tinha direito de se defender como qualquer um. Sobre a reunião do Diretório Nacional do fim de semana negou que esteja interferindo na direção do PT, mas justificou sua posição.

¿ Tirar a legenda de quem renuncia é uma bobagem. Qualquer candidato vai à Justiça e ganha o direito de concorrer ¿ afirmou Dirceu.

Deputados cobram informações da antiga direção do partido

Na reunião, ele e seus aliados na executiva, Delúbio Soares, Silvio Pereira e Marcelo Sereno, foram criticados. O deputado Mauro Passos (PT-SC), disse que eles submeteram o PT a uma gestão temerária dos recursos. Ivan Valente (PT-SP) criticou o fato de Dirceu não se dispor a prestar contas na bancada e nem no Diretório Nacional. Outros, como Durval Orlato (PT-SP), cobraram da antiga direção que dê todas as informações, pois o quanto antes tudo for esclarecido menor seria o desgaste do partido. Orlato, moderado, argumentou que sem informações o partido fica desarmado e à mercê dos adversários. O próprio Tarso, em sua fala, demonstrou preocupação com o desconhecimento no partido de tudo o que foi feito.

¿ Não sabemos qual a próxima surpresa nem sabemos a extensão da operação financeira montada, mas isso não pode ser motivo para nossa falta de iniciativa política - disse Tarso Genro.

Bastante irritado, o deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE), reclamou pelo fato de Dirceu não abrir o jogo com a bancada e afirmou que o partido não deu direito a ninguém para fazer o que foi feito. Candidata à presidência do PT pela tendência ¿Movimento PT¿, a deputada Maria do Rosário (RS), referiu-se à tendência Campo Majoritário como essa turma e disse que eles deveriam ceder espaço no comando partidário para que a gestão do partido fosse compartilhada e regida pela participação de todas as correntes. Ela criticou a conduta dos petistas que estão sendo investigados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão e lembrou que a crise ainda pode atingir o presidente Lula.

¿ Sabemos que essa crise pode atravessar a rua a qualquer momento. Temos que ser transparentes e falar a realidade. A relação do Marcos Valério é com o Delúbio e sua turma e essa turma tem que perder espaço no PT. Essa turma contaminou o partido todo ¿ afirmou Maria do Rosário.